Fonte: Revista Anad Informa
Notícia publicada em: 04.08.2014
Autor: Departamento de Psicologia da ANAD
O Diabetes constitui um grave problema de saúde pública por sua alta frequência na população.
Cumprir a dieta adequada é parte fundamental no tratamento do Diabetes.
O ato de comer é bastante complexo e não significa apenas a ingestão de nutrientes, mas envolve também uma amplitude de emoções e sentimentos, além de valores culturais específicos.
O comportamento alimentar está relacionado tanto com aspectos técnicos e objetivos, como com aspectos socioculturais e psicológicos.
A dificuldade em seguir a dieta recomendada está muito presente no Diabetes, muitos relatos mostram a incapacidade das pessoas em realizar a dieta, devido ao inconformismo com seu carácter restritivo.
Os pacientes relatam que seguir a dieta prescrita por um período de tempo prolongado é extremamente difícil, uma tarefa penosa.
Vários significados estão relacionados com a restrição alimentar, tais como a perda do prazer de comer e beber, perda da autonomia e o cerceamento da liberdade para se alimentar como e quando desejar.
As limitações e proibições do Diabetes, tiram a liberdade de fazer o que se tem vontade, o que provoca um viver triste.
O Diabetes impõe uma série de nomas e regras, o que impossibilita o controle de suas vidas.
A alimentação vai além da ingestão de nutrientes, e não deve ser vista apenas pelo prisma biológico, o ato de comer muitas vezes está relacionado aos aspectos emocionais.
Ela permeia diversas relações sociais, como casamentos, festas de aniversário, batizados, reuniões familiares, entre outras.
O fato do Diabetes tipo 2 ser geralmente assintomático, dificulta o seguimento do tratamento estabelecido, já que a ausência de sintoma está associada à saúde, e com isso muitos pacientes não seguem o tratamento por se sentirem saudáveis.
A ausência de sintomas é um aspecto que dificulta a realização da dieta, pois não apresentam manifestações de mal-estar. algumas pessoas precisam de algo concreto, pálpavel e visível para facilitar e estimular o cuidado com a saúde.
O cuidado com o corpo, muitas vezes, é dado somente quando há sintomas que dificultam a execução das tarefas diárias.
A ausência de sintomas faz com que os familiares não deêm o apoio e atenção necessários ao paciente.
A transgressão alimentar é uma forma compensatória de driblar as proibições vivenciadas e de se proteger das ordens difíceis de ser seguidas, é a válvula de escape para sentir-se livre e vivo.
Da proibição surge o desejo, e desse desejo surge a transgressão.
O desejo alimentar está sempre presente na vida do indivíduo diabético, esse desejo é o mesmo que o faz sofrer, reprimir, salivar,esquecer, transgredir, mentir, negar, sentir prazer, controlar e sentir culpa.
O apoio dos familiares se torna muito importante, para que elas se sintam fortalecidas em seus esforços de aderir ao tratamento do Diabetes.
Os familiares tem o papel relevante na vida do portador da doença, pois são eles que irão ajudar no envolvimento do Diabético com as mudanças de hábitos, e para que aceitem a sua doença.
Receber informação não é a estratégia suficiente para a instalação de mudanças nos hábitos alimentares, o enfoque da abordagem educativa não deve se restringir apenas na transmissão de conhecimento, é importante englobar também os aspectos subjetivos e emocionais que influenciam na adesão do tratamento.
Os programas educativos devem ser baseados em uma postura dialógica e na troca de sabedoria, promovendo um intercâmbio entre o saber científico e popular.