As associações entre a duração do sono e os marcadores de risco para Diabetes Tipo 2 (DM2) na infância foram pouco estudadas. Alicja R. Rudnicka, do Population Health Research Institute, da St. George’s University of London, e demais colaboradores, pesquisaram as associações entre a duração do sono e os marcadores de risco para DM2 em crianças.
No estudo transversal, publicado pelo periódico Pediatrics, envolvendo 4.525 crianças multi-étnicas do Reino Unido, com idades compreendidas entre 9 e 10 anos, o tempo de sono foi calculado a partir do tempo habitual auto-relatado de ir para a cama e levantar-se em um dia da rotina escolar infantil, validado em um subconjunto usando acelerômetros.
As amostras de sangue em jejum forneceram níveis de lipídios séricos, insulina, leptina, glicose plasmática e HbA1c. As medidas físicas incluíram altura, peso corporal, bioimpedância e pressão arterial. Os modelos multiníveis de regressão linear de dados antropométricos, DM2 e marcadores de risco cardiovascular com a duração do sono foram ajustados para sexo, idade, mês, etnia, posição socioeconômica, observador (apenas medidas físicas) e efeito aleatório da escola.
Em média, as crianças dormiram 10,5 horas por noite (intervalo de confiança de 95% [IC 95%] de 8,0-12,0 horas). Houve fortes relações inversas entre a duração do sono, a adiposidade e os marcadores de risco de diabetes. Em modelos ajustados, a duração de uma hora a mais de sono foi associada a menor índice de massa corporal (IMC), menor índice de gordura corporal, menor resistência à insulina e menor nível de glicose em jejum. Não houve associação com HbA1c ou risco cardiovascular. As associações com insulina e glicose permaneceram após um ajuste adicional para marcadores de adiposidade.
O achado de uma associação inversa entre a duração do sono e os marcadores de risco para DM2 na infância é novo, mas mostra relações existentes no início da vida que são independentes da adiposidade e observadas em diferentes etnias. Estudos de intervenção são necessários para estabelecer a causalidade dessas associações, o que poderia fornecer uma estratégia simples para a prevenção precoce do DM2. É importante lembrar que trata-se de um estudo transversal, que não pode provar que dormir menos horas por noite causa maior risco de DM2.
Fonte: Pediatrics, agosto de 2017 / news.med.br.
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