Número de pessoas cegas passa de 30 milhões no mundo. No Brasil, são mais de 1,2 milhões. Muitos dos problemas oculares podem ser evitados com a prevenção adequada
O Dia Mundial da Visão é celebrado na próxima quinta-feira, 12 de outubro, e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta para o aumento do número de cegos, que hoje passa dos 30 milhões no mundo. A entidade chama atenção da população para a prevenção como melhor forma de evitar a cegueira, destacando os cuidados com a visão. Segundo Cristiano Caixeta, diretor do CBO, em 2020 teremos 80 milhões de pessoas com glaucoma, e em 2040 essa estimativa chegará a 111,5 milhões. A doença é considerada a maior causa de cegueira irreversível no Brasil e no mundo.
Para a data, o Conselho e a International Agency for Prevention Of Blindness (IAPB), da qual agora é membro, disponibilizam material da campanha “Cuide da Sua Visão” para que médicos oftalmologistas compartilhem em suas redes sociais, clínicas e hospitais. O intuito é divulgar a data para pacientes, colegas da medicina e todas as pessoas na rede de contato, para reforçar a importância de preservar a visão. Para encontrar o material, basta acessar a página do CBO, no link: http://www.cbo.net.br/novo/classe-medica/diamundialdavisao.php.
No Brasil já existem mais de 1,2 milhões de pessoas cegas, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 80% dos casos de cegueira pelo mundo poderiam ser evitados ou tratados. Atualmente, a cegueira afeta 36 milhões de pessoas em todo o mundo, e em 2050 a previsão é que esse número chegue a 115 milhões, conforme estudo publicado na revista Lancet de agosto. Na pesquisa, os números mostram ainda que a quantidade de pessoas com visão comprometida, entre os níveis moderado e grave, chegará a 588 milhões ao longo dos próximos 30 anos. Hoje, 217 milhões de pessoas sofrem com esses níveis de problema na vista.
Para Caixeta, os dados reforçam a importância de concentrar esforços na educação e conscientização da população em relação ao tema. “O acesso à saúde é um direito de todos e tem que ser disponibilizado. Para isso, é fundamental disseminarmos o conceito de promoção de saúde de forma preventiva, ao contrário do que acontece hoje, em que o paciente procura o médico no momento que precisa tratar uma doença. Esse hábito configura um conceito de medicina curativa, e sabemos que a prevenção acarreta um menor custo ao sistema de saúde e, principalmente, ao paciente”, destaca o oftalmologista.
Veja quais são os principais cuidados com a saúde ocular em cada fase da vida:
Antes do Nascimento
Rubéola e toxoplasmose podem causar cegueira e problemas neurológicos na criança, por isso o acompanhamento pré-natal e a realização de sorologias são imprescindíveis.
Ao Nascer
Quando nasce, a criança enxerga pouco e a visão vai se desenvolvendo no decorrer dos anos. Qualquer doença ocular ao nascimento, como a catarata e o glaucoma, pode prejudicar totalmente este desenvolvimento. O teste do reflexo vermelho, também chamado de “teste do olhinho”, deve ser realizado ainda na maternidade. Ele é capaz de detectar estas e outras doenças, às vezes gravíssimas, como o retinoblastoma (um tipo de câncer ocular) precocemente. Além disso, o bebê que lacrimejar muito, tiver mancha branca na menina dos olhos (pupila), olhos anormalmente grandes, ou ainda que não suporte a claridade, deve ser levado ao oftalmologista.
Durante a Infância
A visão se desenvolve durante a infância, alcançando a maturidade por volta dos cinco anos de idade. Por isso, é muito importante que problemas de visão sejam tratados o quanto antes. Com o início da vida escolar, é possível perceber a presença de problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia) que podem prejudicar o aprendizado.
Outro problema importante que precisa ser corrigido ainda na infância é a ambliopia, ou “olho preguiçoso”. É uma situação na qual a visão não se desenvolve plenamente em um dos olhos, embora sua aparência seja normal. Com o passar do tempo, o cérebro ignora as imagens que vem desse olho “fraco”, de tal forma que ele perde a visão. O portador de ambliopia tem dificuldade para perceber distâncias e profundidade, além de correr riscos de cegueira total, caso venha algum dia a perder a visão de seu olho saudável.
“A ambliopia pode ser curada se o tratamento for realizado antes que a visão tenha atingido a maturidade. Por isso, mesmo que não apresente aparentemente nenhum problema de visão, a criança deve ser examinada por um oftalmologista em seus primeiros anos de vida”, ressalta o especialista Homero Gusmão de Almeida.
Na Adolescência
Durante a adolescência e a puberdade, com frequência são diagnosticados os problemas refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia). Entre os 13 e 20 anos, as pessoas estão sujeitas ao aparecimento do ceratocone, uma doença que provoca irregularidade da córnea, às vezes acompanhado pelo hábito de coçar excessivamente os olhos. Muitas vezes o ceratocone não é percebido pelos adolescentes, pois os sintomas (aumento da sensibilidade à luz e baixa da qualidade de visão, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato) são pouco esclarecidos para eles. Apesar de não ter cura, os tratamentos disponíveis podem melhorar a visão, estabilizando o problema e reduzindo a deformidade da córnea. “Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor é o resultado do tratamento. Por isso, os jovens devem ser submetidos a uma consulta oftalmológica, mesmo que não apresentem queixas”, destaca o presidente do CBO.
Na Vida Adulta
Queixas como sensação de vista cansada, coceira nos olhos, dificuldade para focalizar imagens e lacrimejamento são as mais comuns em adultos que procuram o atendimento oftalmológico. Além da presbiopia (ou vista cansada), caracterizada pela dificuldade de focalizar objetos próximos, outros problemas mais frequentes a partir dos 40 anos são: catarata, glaucoma e retinopatia diabética.
Os sintomas do glaucoma costumam aparecer somente quando a doença está em fase avançada. Se a doença não for tratada, pode levar à cegueira. Aproximadamente 85% das cataratas são classificadas como senis, conectadas ao processo de envelhecimento, com maior incidência na população acima de 50 anos.
As pessoas que têm diabetes apresentam um risco de perder a visão 25 vezes maior do que as demais. Para que isso não aconteça, os diabéticos devem passar rotineiramente por uma consulta oftalmológica. Pela importância da doença, o CBO propôs e deve coordenar a realização de audiência pública na Comissão de Assistência à Saúde do senado federal, com objetivo de apresentar aos parlamentares os problemas vivenciados nos serviços públicos, na atenção ao paciente diabético.
Após os 65 anos
A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) causa baixa visão central, dificultando principalmente a leitura. Os danos à visão central são irreversíveis, mas a detecção precoce e os cuidados podem ajudar a controlar alguns dos efeitos da doença.
Fonte: Saúde Plena ,do Estado de Minas, 10/10/2017.