FENAD

Diabetes e Emprego

Fonte: AADE in Practice – 2016.

Em 2010, quase 26 milhões de americanos eram portadores de Diabetes (1), a maioria dos quais são ou desejam ser membros participantes da força de trabalho.
O Diabetes geralmente não tem impacto sobre a capacidade de um indivíduo para realizar um trabalho particular, e na verdade um empregador pode até nem saber que um determinado funcionário tem Diabetes. Em 1984, a American Diabetes Association adotou a seguinte posição sobre o emprego:
Qualquer indivíduo com Diabetes, se tratado ou não com insulina, deve ser elegível para qualquer emprego para o qual ele/ela seja qualificado.

Perguntas são, por vezes levantadas pelos empregadores sobre a segurança e eficácia de indivíduos com Diabetes em um determinado trabalho.

Quando essas perguntas são legitimamente levantadas, um indivíduo com Diabetes deve ser avaliado individualmente para determinar se essa pessoa pode ou não desempenhar com segurança e de modo eficaz as funções específicas do trabalho em questão. Este documento fornece um conjunto geral de diretrizes para avaliar indivíduos com Diabetes para o emprego, incluindo a forma como a avaliação deve ser realizada e que mudanças (acomodações) no local de trabalho podem ser necessárias para um indivíduo com Diabetes.

I. AVALIANDO INDIVÍDUOS COM DIABETES PARA O EMPREGO

Era prática comum anteriormente restringir indivíduos com Diabetes em certos empregos ou classes de trabalho pelo simples fato de terem diagnóstico de Diabetes ou usarem insulina, sem levar em conta as circunstâncias ou habilidades de um indivíduo. Este banimento é medicamente impróprio e ignora os muitos avanços na gestão do Diabetes, que vão desde os tipos de medicamentos usados até as ferramentas usadas para administrá-los e para monitorar os níveis de glicemia.

A decisão para empregar um indivíduo com Diabetes não deve ser baseada em generalizações e estereótipos sobre os efeitos do Diabetes. O impacto do Diabetes e da sua gestão varia muito entre os indivíduos. Portanto, uma avaliação adequada e individual dos candidatos ao emprego ou funcionários atuais deve levar essa variabilidade em conta.

Além disso, as leis federais e estaduais americanas exigem que os empregadores tomem decisões que sejam baseadas na avaliação das circunstâncias e capacidades do indivíduo com Diabetes para o trabalho específico em questão (2,3). Aplicação de políticas restrição para indivíduos com Diabetes resulta em pessoas com Diabetes tendo negado o emprego para o qual eles são bem qualificado e totalmente capazes de executar de forma eficaz e segura. Deve notar-se que, como resultado de alterações no Americans with Disabilities Act, que entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2009,todos os indivíduos com Diabetes são considerados como tendo uma “deficiência”,na acepção da referida lei. Isto porque, entre outras razões, Diabetes constitui uma limitação significativa no funcionamento do sistema endócrino – a lei foi alterada para estender sua cobertura a pessoas com uma limitação substancial, entre outras coisas, de funções corporais importantes, tais como
o sistema endócrino. Portanto, as pessoas com Diabetes são protegidas contra a discriminação no emprego e outras áreas.
Essas alterações revogaram uma série de decisões da Suprema Corte que restringiam os indivíduos cobertos pela lei e permitia que muitas pessoas com Diabetes e outras doenças crônicas tivessem negada proteção contra a discriminação. Esta seção fornece uma visão geral dos fatores relevantes para uma avaliação individualizada, clinicamente apropriada, do candidato ou funcionário com
Diabetes.

Papel dos Profissionais de Saúde em Diabetes

Quando surgem questões sobre a condição médica de uma pessoa com Diabetes para um trabalho específico, um profissional de saúde com experiência no tratamento de Diabetes deve realizar uma avaliação individualizada. O envolvimento do profissional de saúde especializado deve ocorrer antes de qualquer decisão adversa no emprego, tal como desistência na contratação, promoção ou rescisão.

Um profissional de saúde que esteja familiarizado com pacientes com Diabetes e que tenha experiência no tratamento de Diabetes tem melhor capacidade de realizar tal avaliação. Em algumas situações e, em casos complexos, um endocrinologista ou um médico especializado no tratamento de Diabetes ou de suas complicações é o profissional de saúde mais qualificado para
assumir esta responsabilidade (4).

O médico responsável pelo tratamento do indivíduo é geralmente o profissional com o melhor conhecimento sobre o status de Diabetes de um indivíduo. Assim, mesmo quando o empregador utiliza seu próprio médico para realizar a avaliação, os pareceres do médico assistente e outros profissionais de saúde com experiência clínica em pacientes com Diabetes devem ser solicitados e cuidadosamente considerados. Em situações em que há desacordo entre o parecer do médico assistente do trabalhador e o do médico do empregador, a avaliação
deve ser entregue a um profissional imparcial que possua significativa experiência em Diabetes.

Avaliação Individual

Uma avaliação médica de um indivíduo com Diabetes deve apenas ocorra em circunstâncias limitadas (3). Os empregadores não podem investigar sobre a saúde do indivíduo direta ou indiretamente e independentemente do tipo de trabalho, antes de fazer uma oferta de trabalho, mas podem exigir um exame médico ou fazer uma investigação médica uma vez que uma
oferta de emprego foi realizada e antes que o indivíduo comece o trabalho. A oferta de trabalho pode ser condicionada aos resultados do inquérito ou exame médico.

Um empregador pode retirar uma oferta de um candidato com Diabetes se torna-se claro que ele ou ela não pode exercer as funções essenciais do trabalho ou se fosse uma ameaça direta (ou seja, um risco significativo de dano substancial) à saúde ou segurança que não pudesse ser eliminada com uma adaptação (uma mudança no local de trabalho que permite que um trabalhador com deficiência possa executar com segurança e eficácia deveres do trabalho). Outra situação em que uma avaliação médica é permitida é quando um problema potencialmente relacionado com o
Diabetes do empregado no trabalho e tal problema pode afetar o desempenho e/ou a segurança no trabalho. Nesta situação, um médico pode ser solicitado para avaliar a aptidão do funcionário a permanecer no trabalho e/ou a sua capacidade para realizar com segurança o trabalho.

Os empregadores também podem obter informações médicas sobre um empregado quando o trabalhador solicitar uma adaptação e sua deficiência ou necessidade de acomodação não é evidente.

Um empregador não deve basear-se com uma avaliação médica para negar uma oportunidade de emprego a um indivíduo com Diabetes a menos que esta seja realizada por um profissional com
experiência em Diabetes e com base em suficientes e apropriados dados médicos. As informações solicitadas e avaliadas devem ser devidamente limitadas aos dados relevantes do status do Diabetes do indivíduo e para o seu desempenho no emprego (3). Os dados necessários irão variar em função do tipo de trabalho e a razão para a avaliação, mas uma avaliação nunca deve ser realizada apenas com uma parte dos dados, tais como um único resultado de glicemia ou resultado de A1C.

Como o Diabetes é uma doença crônica na qual o status de saúde e sua gestão naturalmente mudam ao longo do tempo, é inapropriado e desnecessário que os examinadores medicamente coletem todos os valores laboratoriais anteriores ou informações a respeito das visitas médicas relacionadas ou não com Diabetes. Apenas as informações médicas relevantes para avaliar a capacidade atual de um indivíduo para o desempenho seguro de um trabalho específico em questão deverão ser recolhidos. Por exemplo, em algumas circunstâncias, uma revisão da história de hipoglicemia de um indivíduo pode ser relevante para a avaliação e deve ser avaliada.

Informações sobre o gerenciamento do Diabetes do indivíduo (como regime de tratamento atual, medicamentos e registros  de glicemia), funções no trabalho e ambiente de trabalho são todos fatores relevantes a ser considerados. Somente profissionais de saúde encarregados de tais avaliações devem ter acesso às informações médicas do empregado, e essas informações devem ser mantidos separadas dos registros de pessoal (3).

Diretrizes de Screening

Uma série de diretrizes de screening para avaliar indivíduos com Diabetes em vários tipos de trabalhos de alto risco foram desenvolvidos nos últimos anos. Exemplos incluem o Medicine’s National Consensos Guideline for the Medical Evaluation of Law Enforcement Officers da American College of Occupational and Environmental, o National Fire Protection Association’s
Standard on Comprehensive Ocupacional Medical Program for Fire Departments, o U.S. Department of Transportation’s Federal Motor Carrier Safety Administration’s Diabetes Exemption Program, e o U.S. Marshall Service and Federal Occupational Health Law Enforcement Program Diabetes Protocol.

Tais diretrizes e protocolos podem ser ferramentas úteis na tomada de decisões sobre os candidatos ou empregados individuais, se utilizados de forma objetiva e com base no mais recente conhecimento científico sobre Diabetes e sua gestão.

Esses protocolos devem ser regularmente reavaliados e atualizados para refletir as mudanças no conhecimento sobre Diabetes e as evidências devem ser desenvolvidas e revisadas por profissionais de saúde com experiência significativa em Diabetes e seu tratamento. Aos indivíduos que não cumprem as normas estabelecidas nesses protocolos deve ser dada a oportunidade de demonstrar circunstâncias excepcionais que justifiquem o desvio dos guidelines. Esses guidelines ou protocolos não são critérios absolutos, mas sim um panorama para uma avaliação individualizada completa.

Recomendações:

II. AVALIAÇÃO DO RISCO PARA A SEGURANÇA DOS TRABALHADORES COM DIABETES

Os empregadores que negam oportunidades de trabalho porque consideram que todos os indivíduos com Diabetes são um risco para a segurança estão baseados em equívocos, desinformação ou falta de informações atuais sobre Diabetes. As diretrizes a seguir fornecem informações para avaliar um indivíduo com Diabetes que trabalha ou pretende trabalhar no que pode ser considerado uma posição sensível à segurança.

Preocupações de Segurança

O primeiro passo na avaliação de questões de segurança é determinar se as preocupações são razoáveis à luz dos deveres do trabalho que o indivíduo deve executar. Para a maioria dos tipos de
emprego (como postos de trabalho em escritórios, varejo, ou ambiente de serviço de alimentação) não há nenhuma razão para acreditar que o Diabetes do indivíduo irá colocar empregados ou o público em risco.

Em outros tipos de emprego (tais como trabalhos em que o indivíduo deve usar armas de fogo ou operar máquinas perigosas) a questão de segurança é se o empregado se tornará subitamente
desorientado ou incapacitado. Tais episódios, que são devido à hipoglicemia, geralmente ocorrem apenas em indivíduos que recebem certos tratamen-tos, tais como insulina ou secretagogos como sulfoniluréias e mesmo assim ocorrem com pouca frequência. Adaptações no local de trabalho podem ser feitas, mesmo que mínimas, podem ser eficazes em ajudar o indivíduo para gerir o Diabetes no trabalho e evitar hipoglicemia grave.

Hipoglicemia

Hipoglicemia é definida como um nível de glicemia de 70 mg/dL (3,9 mmol/L) (4,6). É um potencial efeito colateral de alguns tratamentos para o Diabetes, incluindo insulina e sulfoniluréias. Geralmente, pode ser tratada de maneira eficaz pela autoingestão de glicose (carboidratos) e não é frequentemente associada com perda de consciência ou convulsão. Hipoglicemia grave, exigindo a ajuda de outra pessoa, é uma emergência médica.

Os sintomas de hipoglicemia grave podem incluir confusão ou, raramente, convulsões ou perda de consciência (6). A maioria dos indivíduos com Diabetes nunca experimentam um episódio de hipoglicemia grave porque sua medicação não leva à hipoglicemia ou porque os indivíduos sabem reconhecer os sinais de alerta precoce e podem rapidamente auto-tratar o problema ao beber ou comer.

Além disso, com a automonitorização dos níveis de glicemia, a maioria dos indivíduos com Diabetes pode gerir a sua condição de tal modo que haja um risco mínimo de incapacitação por
hipoglicemia pois níveis moderadamente baixos de glicose pode ser facilmente detectados e tratados (4,7).

Um único episódio de hipoglicemia grave por si só não deve desqualificar um indivíduo para um emprego. Em vez disso, uma avaliação adequada deve ser realizada por um profissional de saúde com experiência em Diabetes para determinar a causa da hipoglicemia, as circunstâncias do episódio, se foi um incidente isolado, se o ajuste do regime de insulina pode diminuir este risco e a probabilidade de que o episódio aconteça novamente. Alguns episódios de hipoglicemia grave podem ser explicados e evitados com a ajuda de um profissional de saúde em Diabetes.

No entanto, episódios recorrentes de hipoglicemia severa podem indicar que um indivíduo pode, de fato, não ser capaz de executar com segurança um trabalho, particularmente trabalhos ou tarefas que envolvam risco significativo de danos para os funcionários ou o público, especialmente quando esses episódios não puderem ser explicados. História e detalhes de qualquer antecedente de hipoglicemia grave devem ser examinados de perto para determinar se é provável que tais episódios se repitam no trabalho.

Em todos os casos, as funções de trabalho devem ser  cuidadosamente examinadas para determinar se existem formas de minimizar o risco de hipoglicemia grave (tais como o ajuste do regime de insulina ou fornecimento de pausas adicionais para verificar os níveis de glicemia).

Hiperglicemia

Em contraste com a hipoglicemia, a hiperglicemia pode causar complicações a longo prazo, em anos ou décadas, mas normalmente não levam a nenhum efeito adverso sobre o desempenho no trabalho.

Os sintomas de hiperglicemia geralmente se desenvolvem ao longo de horas ou dias e não ocorrem de repente. Portanto, a hiperglicemia não representa um risco imediato de incapacitação súbita.

Embora ao longo dos anos ou décadas, a hiperglicemia possa causar complicações crônicas como neuropatia, retinopatia, nefropatia, ou cardiopatias, nem todos os indivíduos com Diabetes desenvolverão estas complicações a longo prazo. Tais complicações tornam-se relevantes em decisões de emprego apenas quando elas estão estabelecidas e possam interferir com o desempenho do trabalho que está sendo considerado. As avaliações não devem ser baseadas em especulações sobre o que pode ocorrer no futuro. As avaliações para o trabalho devem levar em conta hiperglicemia apenas se já houver causado complicações crônicas tais como deficiência visual que interfiram com o desempenho de um trabalho específico.

Aspectos da Avaliação de Segurança

Quando um indivíduo com Diabetes é avaliado para risco de segurança, existem vários aspectos que devem ser considerados.

Resultados de Teste de Glicemia

Um resultado único de glicemia capilar só dá informações sobre o nível de glicemia de um indivíduo em um determinado ponto no tempo. Como os níveis de glicose flutuam durante todo o dia (isso também é verdade para as pessoas sem Diabetes), um resultado do teste é de nenhuma utilidade na avaliação da saúde geral de uma pessoa com Diabetes. Os resultados de uma série
de medições de glicemia auto-monitorizadas ao longo de um período de tempo, no entanto, pode dar informações valiosas sobre a saúde de um indivíduo com Diabetes. Registros de glicemia capilar devem ser avaliados por um profissional com experiência em Diabetes (7).

História de Hipoglicemia Grave

Muitas vezes, um fator-chave para avaliar a segurança do emprego e o risco é a documentação de casos de hipoglicemia severa. Um indivíduo que apresenta controle do Diabetes durante um período prolongado de tempo sem experimentar hipoglicemia grave é improvável que venha a experimentar esta condição no futuro. Por outro lado, vários incidentes de hipoglicemia
grave podem, em algumas situações, desqualificar o indivíduo para ocupações de alto risco. No entanto, as circunstâncias de cada incidente devem ser examinadas, já que alguns incidentes podem ser explicados devido a alterações na dosagem de insulina, doença ou outros fatores e, portanto, será pouco provável que volte a ocorrer ou se as circunstâncias já foram abordadas pelo
indivíduo através de mudanças no seu regime de tratamento de Diabetes.

Hipoglicemia Despercebida

Alguns indivíduos ao longo do tempo perdem a capacidade de reconhecer os sinais de alerta de hipoglicemia. Esses indivíduos estão em risco aumentado para um episódio súbito de hipoglicemia grave.
Alguns destes indivíduos podem ser capazes de diminuir este risco com alterações específicas no seu regime de gestão de Diabetes (por exemplo, testes de glicemia capilar mais frequentes ou
refeições frequentes).

Presença de Complicações Relacionadas com o Diabetes

As complicações crônicas que podem resultar do Diabetes de longa duração envolvem os vasos sanguíneos e nervos.Estas complicações podem envolver nervo (neuropatia), olhos (retinopatia), rins (nefropatia), e doenças cardíacas. Por sua vez, estes problemas podem levar à amputação, cegueira ou outros problemas oculares, incluindo perda de visão, insuficiência renal, acidente vascular cerebral ou infarto. Como estas complicações podem afetar o desempenho e segurança no trabalho, devem ser avaliadas por um especialista na área específica relacionada com a complicação.
Se complicações não estão presentes, a sua possível evolução futura não deve ser abordada, tanto por causa das leis que proíbem tal consideração e porque, com acompanhamento médico e terapias, as complicações crônicas podem ser evitadas ou retardadas. Assim, muitas pessoas com Diabetes nunca desenvolvem qualquer destas complicações, e as que desenvolvem, o fazem geralmente após muitos anos depois do início do Diabetes.

Avaliações Inadequadas

As seguintes ferramentas e termos não refletem com precisão o estado atual do tratamento do Diabetes e devem ser evitados em uma avaliação sobre se um indivíduo com Diabetes é capaz de realizar um trabalho particular de forma segura e eficaz.

Testes de Glicose na Urina

Resultados de glicose na urina não são mais considerados como uma metodologia apropriada e precisa para avaliar o controle do Diabetes (8). Antes de meados da década de 1970, testes de glicose na urina foram o melhor método disponível de monitorização dos níveis de glicemia. No entanto, o teste de urina não é um indicador confiável ou preciso dos níveis de glicose no
sangue e é uma medida pobre do estado de saúde atual do indivíduo. A monitorização de glicose capilar é um meio mais preciso e oportuno para medir o controle glicêmico.
Testes de glicose na urina nunca devem ser usados para avaliar a empregabilidade de uma pessoa com Diabetes.

A1C e Glicose Média Estimada

Os resultados dos exames de hemoglobina A1C (A1C) refletem a glicemia média ao longo de vários meses e se correlacionam com níveis médios de glicose no plasma (4).A glicose média estimada (eAG) está diretamente relacionada com A1C e também fornece a um indivíduo uma estimativa de glicemia média ao longo de um período de tempo, mas utiliza os mesmos valores e unidades que são observadas quando se usa um medidor de glicose ou de um valor de glicemia em jejum colhida no laboratório (5). Os valores de A1C/EAG fornecem aos prestadores de cuidados de saúde
informações importantes sobre a eficácia do regime de tratamento de um indivíduo (4), mas muitas vezes são utilizados para avaliar se um indivíduo pode executar com segurança um emprego.

Porque identificam somente médias e não se a pessoa teve flutuações extremas de glicose no sangue, resultados de A1C/EAG não têm qualquer valor na previsão de complicações de curto
prazo da Diabetes e, portanto, não têm utilidade na avaliação de indivíduos em situações de emprego. A American Diabetes Association recomenda que, na maioria dos pacientes, os níveis de A1C devem ser mantidos abaixo de 7% (4), ou eAG abaixo de 154 mg/dL. Esta recomendação estabelece uma meta, a fim de diminuir as chances de com-plicações a longo prazo, mas não fornece informações úteis sobre se o indivíduo está em risco significativo de hipoglicemia ou de desempenho no trabalho abaixo do ideal e não é uma medida de “conformidade” com a terapia. Um ponto de corte de A1C ou eAG não é medicamente justificado nas avalia-ções de emprego e nunca deve ser um fator determinante no emprego.

Diabetes “Descontrolado” ou “Instável”

Às vezes, o Diabetes de um indivíduo é descrito como “descontrolado”, “mal controlado”, ou “instável”. Esses termos não estão bem definidos e não são relevantes para a avaliação de empregos. Como tal, dando um parecer sobre o nível de “controle” que um indivíduo tem sobre o Diabetes não é o mesmo que avaliar se esse indivíduo é qualificado para executar uma tarefa específica e se pode realizá-la com segurança. Uma avaliação individualizada é a única avaliação relevante.

Recomendações:

III. ADEQUAÇÕES PARA FUNCIONÁRIOS COM DIABETES

Indivíduos com Diabetes podem precisar de algumas alterações ou acomodações no trabalho, a fim de exercer as suas responsabilidades de maneira eficaz e segura. Leis federais e estaduais exigem o fornecimento de “acomodações razoáveis” para ajudar um funcionário com Diabetes para executar as funções essenciais do trabalho (3). Leis adicionais fornecem uma licença para um empregado para lidar com suas necessidades médicas ou de um membro da família (9). Embora existam algumas adequações típicas das quais muitas pessoas com Diabetes possam se beneficiar.

A necessidade de acomodações devem ser avaliadas de forma individualizada (2).

Acomodando Necessidades de Cuidado Diários em Diabetes

Muitas das acomodações que empregados com Diabetes precisam em seu dia-a-dia são aquelas que lhes permitem gerir seu Diabetes no local de trabalho como se estivessem em qualquer outro lugar.
São geralmente acomodações simples, que podem ser proporcionas sem qualquer custo para o empregador, e devem causar pouca ou nenhuma interrupção no trabalho. A maioria dos empregadores são obrigados a fornecer acomodações a menos que esses acomodações criem um encargo indevido (3). Algumas acomodações que podem ser necessárias incluem:

Teste de Glicemia

Pausas podem ser necessárias para permitir que um indivíduo realize testes de glicemia capilar quando necessário. Tais testes só demoram alguns minutos para ser concluídos. Algumas pessoas usam monitores de leitura contínua de glicose, mas mesmo assim ainda terão necessidade de verificar glicemia capilar com um medidor. A glicemia capilar pode ser verificada onde quer que o empregado esteja, sem colocar outros funcionários em risco, e os empregadores não devem limitar o local onde os funcionários com Diabetes têm permissão para gerir seu Diabetes.
Alguns empregados podem preferir ter um local privado para realização de testes de glicemia e outras necessidades relacionadas ao cuidado com o Diabetes, e estas devem ser fornecidas sempre que possível.

Administração de Insulina

Os funcionários podem precisar de curtas pausas durante a jornada de trabalho para administrar a insulina quando necessário. A insulina pode ser administrada de forma segura onde quer que o empregado esteja.
O funcionário também pode precisar de um lugar para armazenar a insulina e outros suprimentos, se as condições de trabalho (tais como temperaturas extremas) impedirem que os suprimentos possam ser levados com o paciente (10).

Comida e Bebida

Os funcionários podem precisar de acesso a alimentos e/ou bebidas durante o dia de trabalho. Isto é particularmente importante no caso em que o trabalhador tem de responder rapidamente à hipoglicemia ou necessitar manter a hidratação, se os níveis de glicose estão elevados. Os funcionários devem ser autorizados a consumir alimentos ou bebidas, conforme necessário em sua
mesa ou estação de trabalho (exceto em uma situação extremamente rara em que pudesse representar um perigo e criar um problema de segurança, e se este for o caso, um local alternativo deve ser fornecido).

Saídas

Os funcionários podem precisar de licença ou de um horário de trabalho flexível para acomodar consultas médicas ou outras necessidades do cuidado do Diabetes.
Ocasionalmente, os empregados podem precisar faltar ao trabalho devido a eventos imprevistos (episódio de hipoglicemia grave) ou doença.

Horários de Trabalho

Certos tipos de horários de trabalho, tais como rodízios ou divisão em turnos, podem dificultar para algumas pessoas, o controle eficaz do Diabetes .

Adaptações para as Complicações do Diabetes 

Além das adaptações do dia-a-dia para o gerenciamento do Diabetes no local de trabalho, para alguns indivíduos, também é necessário realizar modificações para as complicações relacionadas com o Diabetes a longo prazo. Tais pessoas podem permanecer funcionários produtivos se acomodações apropriadas forem implementadas.
Por exemplo, um empregado com retinopatia diabética ou outras deficiências visuais pode se beneficiar de usar um computador de tela grande ou outros recursos visuais, enquanto um funcionário
com dor neuropática pode se beneficiar da diminuição da necessidade de andar ou de poder sentar-se no trabalho. Indivíduos com problemas renais podem precisar flexibilidade para se afastar do trabalho para tratamento de diálise.

É impossível fornecer uma lista exaustiva de potenciais acomodações. A mensagemchave em acomodar um empregado com Diabetes é garantir que as acomodações sejam adaptadas para o indivíduo e eficazes em ajudar o indivíduo a realizar o seu trabalho. Sugestões de profissionais de saúde especializados na complicação em particular, ou de especialistas em reabilitação profissional ou organizações,podem ajudar a identificar acomodações adequadas.

Recomendações:

Conclusão

Indivíduos com Diabetes podem fazer e servir como membros altamente produtivos da força de trabalho. Embora nem todos os indivíduos com Diabetes sejam qualificados para, nem possam executar, cada função disponível, adaptações razoáveis podem ser facilmente feitas de forma que permitam que a grande maioria das pessoas com Diabetes possa executar de maneira eficaz a grande maioria dos postos de trabalho. Os tratamento e as repercussões do Diabetes variam muito de pessoa para pessoa, por isso os empregadores devem considerar as capacidades e necessidades de cada pessoa individualmente. Pessoas com Diabetes devem sempre ser avaliadas individualmente com a ajuda de profissionais de saúde experientes em Diabetes. As exigências específicas do trabalho e da capacidade do indivíduo para realizar esse trabalho, com ou sem acomodações razoáveis, sempre precisa ser considerada.

Agradecimentos:

A American Diabetes Association agradece aos membros do grupo voluntário que redigiram esta declaração atualizada: John E. Anderson, MD; Michael. A. Greene, JD; John W. Grif fin, Jr., JD; Daniel. B. Kohrman, JD; Daniel Lorber, MD, FACP, CDE; Christopher D. Saudek, MD; Desmond Schatz, MD; e Linda Siminerio, RN, PhD, CDE.

Referências:
1. Centers for Disease Control and Prevention:National Diabetes Fact Sheet: General Information and National Estimates on Diabetes and PreDiabetes in the U.S., 2011. Atlanta, GA, U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention, 2011.

2. Equal Employment Opportunity Commission:Questions and Answers About Diabetes in the Workplace and the Americans with Disabilities Act (ADA), Oct. 29, 2003. Available from
http://www.eeoc.gov/laws/types/Diabetes.cfm. Accessed 26 May 2008.

3. Americans with Disabilities Act of 1990, 42 U.S.C.§12101 et seq.

4. American Diabetes Association: Standards of medical care in Diabetesd2014 (Position Statement).Diabetes Care 37 (Suppl. 1):S14–S80, 2014.

5. Nathan DM, Kuenen J, Borg R, Zheng H,Schoenfeld D, Heine R: Translating the A1C assay Care 31: 1473–1478, 2008.into estimated average glucose values. Diabetes

6. American Diabetes Association: Defining and reporting hypoglycemia in Diabetes, a report from the American Diabetes Association Workgroup on Hypoglycemia.Diabetes Care 28: 1245–1249, 2005.

7. American Diabetes Association: Self-monitoring of blood glucose (Consensus Statement). Diabetes Care 17: 81–86, 1994.

8. American Diabetes Association: Tests ofglycemia in Diabetes (Position Statement).Diabetes Care 27 (Suppl. 1): S91–S93, 2004.

9. Family Medical Leave Act of 1993, 29 U.S.C.§2601 et seq.

10. American Diabetes Association:Insulinadministration (Position Statement).Diabetes Care 27 (Suppl. 1): S106–S109, 2004

 

 

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