FENAD

Duas Doses de Aspirina é a Melhor Forma de Proteger o Coração de Diabéticos

Hoje, a aspirina é o padrão ouro na prevenção primária de males coronarianos. Ela funciona reduzindo a agregação de plaquetas e, consequentemente, diminuindo o risco de formação de coágulos

Tomar o ácido acetilsalicílico, a popular aspirina, duas vezes ao dia, em vez de uma, como é a recomendação atual, pode melhorar a proteção cardiovascular em pessoas com Diabetes Tipo 2, de acordo com uma pesquisa apresentada na reunião anual da Associação Europeia de Estudos sobre Diabetes (EASD), em Lisboa. A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de morte em indivíduos que sofrem desse problema, que afeta 5% da população mundial e está em crescimento em todas as faixas etárias.
Hoje, a aspirina é o padrão ouro na prevenção primária de males coronarianos. Ela funciona reduzindo a agregação de plaquetas e, consequentemente, diminuindo o risco de formação de coágulos, que podem levar a acidente vascular cerebral (AVC) e infarto. As diretrizes das sociedades médicas geralmente recomendam uma dose diária para pacientes em risco. No entanto, a substância tem uma meia-vida muito curta, e os estudos sugerem que tomá-la somente uma vez por dia não inibe completamente a função plaquetária quando o volume dessas células aumenta, caso das pessoas que sofrem de Diabetes Tipo 2. Por isso, o medicamento é menos efetivo nos pacientes que, além do distúrbio crônico, têm histórico de DCV.
Na pesquisa apresentada ontem em Lisboa, a médica vascular Liv Vernstroem e colegas do Hospital Universitário de Aarhus, na Dinamarca, investigaram se o efeito do ácido acetilsalicílico diminuía no intervalo de 24 horas em 21 pessoas com Diabetes e sem doença coronariana, além de indivíduos saudáveis, para fins de controle. Os pesquisadores colheram amostras de sangue no início do estudo e uma hora após a ingestão de 75 mg da substância para determinar como a função plaquetária dos participantes respondia, de forma aguda, à substância.
Os voluntários foram tratados por seis dias, e as amostras de sangue repetiram-se uma hora e 24 horas após todos tomarem o medicamento. O objetivo era comparar os níveis de agregação plaquetária durante o intervalo de dosagem. Os pesquisadores descobriram que tanto os pacientes de Diabetes quanto os participantes do grupo de controle apresentaram um aumento na agregação plaquetária ao longo do intervalo de 24 horas. Isso significa que a capacidade da aspirina de inibir a agregação dessas células e, assim, prevenir a formação de coágulos foi reduzida com o passar do tempo quando a substância foi ingerida apenas uma vez por dia. Uma vez que as pessoas com Diabetes apresentam risco aumentado de DCV, os pesquisadores concluíram que o ideal é um tratamento antiplaquetário que inclua mais de uma aspirina por dia.

Coágulos

Eles também descobriram que, antes do estudo, os pacientes de Diabetes que não tomavam aspirina apresentavam uma agregação plaquetária maior, em comparação com controles saudáveis. Isso indica que as plaquetas desses indivíduos têm um potencial aumentado de formação de coágulos, sinalizando risco superior de doença coronariana.
“Dado que as plaquetas em pessoas com Diabetes são caracterizadas por agregação aumentada, nosso estudo sugere que pacientes com Diabetes Tipo 2 podem obter um benefício adicional se ingerem o medicamento duas vezes ao dia, em vez de apenas uma”, diz Vernstroem. Contudo, a médica ressalta: “Os resultados precisam ser replicados em novos ensaios para confirmarmos a segurança e a eficácia dessa abordagem”.
Fonte: Ciência e Saúde – Correio Braziliense – 13/09/2017.
Compartilhar: