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Excesso de Sal na Dieta: Pesquisa Mostra que Brasileiros Consomem Quase o Dobro dos Valores Recomendados

Uma nova pesquisa brasileira, coordenada pela Fiocruz, constatou que o consumo médio de sal do brasileiro é de 9,34 gramas por dia. O valor é quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que sugere não mais que 5 gramas diárias de sal

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) foi realizada em 2013 e 2014, com visita a 69.954 domicílios e entrevista com 60.202 adultos. Desse total, foi selecionada uma subamostra para coleta de material biológico nos domicílios, sendo feita a análise de sangue e urina de cerca de 9 mil brasileiros, visando a traçar o perfil bioquímico de condições clínicas e pré-clínicas da população brasileira.

Como os valores de referência de exames podem ser influenciados por fatores populacionais e ecológicos, eles podem divergir entre diferentes populações. Dessa forma, se torna importante o conhecimento de parâmetros nacionais de referência para estabelecer critérios de diagnóstico, tratamento e controle de doenças.

A pesquisa também apresentou resultados a respeito de Diabetes, doença renal e anemias, além dos dados sobre consumo de sal.

Sal na Dieta

A pesquisa aponta que quase três quartos dos brasileiros têm alto consumo de sal (mais de 8 g./dia), sendo a maioria homens e pessoas mais jovens. Porém, percebeu-se que há um consumo elevado de forma generalizada, que atinge todas as faixas etárias e níveis de escolaridade. Essa informação tem grande importância pois indica a necessidade de desenvolver programas de redução de consumo para todas as subcategorias, e não apenas os grupos mais visados, como hipertensos e doentes renais.

Outro dado alarmante é que apenas 14,2% dos adultos se referiram ao seu consumo como alto, indicando a percepção baixa do consumo real que fazem, e consequente baixa preocupação com condições como hipertensão e doenças cardiovasculares, que estão associadas ao excesso de sal.

Atualmente, 28% dos adultos brasileiros são hipertensos, condição responsável direta ou indiretamente por várias doenças crônicas, como as cardiovasculares e renais. Reduzir o  sal na dieta é uma das intervenções com melhor custo-efetividade para reduzir as doenças crônicas não transmissíveis e assim diminuir o número de mortes prematuras, aumentando a expectativa de vida saudável dos brasileiros.

O estudo ainda mostrou que o consumo inferior a 5 g./dia, que é a faixa ideal, ocorreu em apenas 2,39% da amostra, com prevalência entre mulheres e pessoas mais velhas. O consumo muito elevado, de mais de 12 g de sal por dia, foi observada com maior frequência em homens (15,7%) do que em mulheres (10,8%), e em baixa proporção no grupo com escolaridade mais alta (11,35%).

Diabetes e Doença Renal

A pesquisa identificou o Diabetes em 6,6% dos adultos, enquanto em 76,5% das pessoas não houve qualquer alteração. Porém, ao considerar critérios simultâneos, como as pessoas que já possuem diagnóstico de Diabetes e/ou utilizam medicamentos, a prevalência de Diabetes é de 8,4%. Na população obesa a prevalência de Diabetes chega a 17%.

Quanto às doenças renais, os resultados apresentaram um número estimado de casos até quatro vezes maior em comparação com dados de pesquisas anteriores no país. Isso se deve ao fato de estudo anteriores terem se baseado geralmente em relatos dos próprios doentes, enquanto a nova pesquisa avaliou a função renal por meio de critérios laboratoriais. Isso sugere que há sub diagnóstico da doença renal no Brasil.

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias, publicação em 26 de novembro de 2019/news.med.br.

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