Existe uma falta de reconhecimento da importância do Diabetes, pelos gestores de saúde, que desconhecem a amplitude populacional desta doença e o impacto sócio econômico na família e na saúde pública, tanto do ponto de vista médico, quanto do ponto de vista de custos gerais, e ônus à previdência social, em que suas complicações geram incapacidades temporárias, aposentadorias e mortalidades precoces.
Lamentavelmente o gestor de saúde se vê envolvido com as emergências e as filas do dia a dia, não atinando para a medicina preventiva que poderia diminuir exatamente estas emergências e filas.
A medicina preventiva deveria começar no cuidado do saneamento básico (água e esgoto) tratados, vacinação, educação em saúde, higiene, campanhas de orientação e informação.
Com relação ao Diabetes se fazem necessárias medidas para melhorar o acesso médico e farmacêutico, treinamento dos profissionais, conscientização e educação para os portadores de Diabetes, para que não desenvolvam as complicações altamente incapacitantes e de alto custo para o poder público.
Assim, esse desconhecimento é geral, municipal, estadual e federal; Enquanto o Ministério da Saúde regateia e impede a padronização de novos medicamentos e insulinas eficazes que já tem mais de 20 anos, por considerá-los de custo maior, paga, na outra ponta, o custo das complicações tardias do Diabetes: 50% de todos os procedimentos de hemodiálise, 40% de complicações e internações nos Hospitais e Institutos do coração, 29% das cirurgias de revascularização cardíacas, enfartes e AVC, maior número de amputações de membros inferiores (acima dos acidentes), primeira causa de perda da visão.
Assim o Diabetes por si só, através de suas complicações preenche 40 à 44% de todas as listas em um hospital geral.
No Brasil os grandes avanços que ocorreram até agora, foram conseguidos através de nosso esforço e representatividade das associações de portadores de Diabetes, tais como:
• 1999 troca de insulinas animais por humanas;
• 2001, início de distribuição de medicamentos orais para Diabetes e Hipertensão, nas unidades básicas de saúde;
• 2006 aprovação de Lei Federal de proteção aos portadores de Diabetes, assegurando a distribuição, pelo Governo, de medicamentos e insumos aos portadores de Diabetes no Brasil.
Em 29 de junho, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, sob a coordenação de seu criador Deputado Fernando Cury, reuniram-se as principais entidades representativas do Diabetes no Estado de São Paulo, bem como Deputados, Prefeitos e Secretários de Saúde, para o lançamento da Frente Parlamentar de Combate ao Diabetes.
Vemos com muita alegria o lançamento da Frente Parlamentar que é uma iniciativa que reconhece a importância do Diabetes e suas complicações.
Agora juntos, Entidades, Poder Legislativo e portadores podemos melhorar e muito o prognóstico sombrio desta doença.
Congratulamos-nos com o Deputado Fernando Cury e equipe que já nos convidou para fazer parte dos futuros trabalhos nesse sentido.
Atenciosamente,
Profº. Dr. Fadlo Fraige Filho Presidente ANAD – FENAD
Titular Endocrinologista Fac. Med. FMABC
Member IDF Task Force Insulin