FENAD

Normas Nacionais para a Educação e Apoio à Autogestão do Diabetes

Autores: LINDA HAAS, PHC, RN, CDE (PRESIDENTE)1 ; MELINDA MARYNIUK, Dr., RD, CDE (PRESIDENTE) 2 ; JONI BECK, Dr. EM FARMÁCIA, CDE, BC-ADM3 ; CARLA E. COX, PHD, RD, CDE, CSSD4 ; PAULINA DUKER, MPH, RN, BC-ADM, CDE5 ; LAURA EDWARDS, RN, MPA6 ; EDWIN B. FISHER, PHD7 ; LENITA HANSON, Dr., CDE, FACE, FACP8 ; DANIEL KENT, Dr. EM FARMÁCIA, BS, CDE9 ; LESLIE KOLB, RN, BSN, MBA10; SUE MCLAUGHLIN, BS, RD, CDE, CPT11; ERIC ORZECK, Dr., FACE, CDE12; JOHN D. PIETTE, PHD13; ANDREW S. RHINEHART, Dr., FACP, CDE14; RUSSELL ROTHMAN, MD, MPP15; SARA SKLAROFF16; DONNA TOMKY, MSN, RN, C-NP, CDE, FAADE17; GRETCHEN YOUSSEF, MS, RD, CDE18;EM NOME DAS NORMAS DE 2012;

Segundo as mais recentes estimativas, 18,8 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm diagnóstico de Diabetes e acredita-se que outros 7 milhões convivem com o Diabetes não diagnosticado. Ao mesmo tempo, estima-se que 79 milhões de pessoas tenham níveis de glicemia na faixa de pré-Diabetes ou categorias de risco aumentado de Diabetes. Portanto, mais de 100 milhões de americanos estão em risco de desenvolver as complicações devastadoras do Diabetes.

A educação sobre a autogestão do Diabetes (DSME, na sigla em inglês) é um elemento crítico de cuidados para todas as pessoas com Diabetes e para aqueles em risco de desenvolver a doença. Isto se faz necessário a fim de prevenir ou retardar as complicações do Diabetes e possui elementos relacionados a mudanças de estilo de vida, que também são essenciais para indivíduos com pré-Diabetes como parte dos esforços para prevenir a doença.

As Normas Nacionais para a Autogestão do Diabetes têm por objetivo definir uma DSME e um apoio de qualidade, bem como auxiliar educadores em Diabetes a fornecer educa- ção baseada em evidências e apoio à autogestão.

As Normas são aplicáveis à educadores em prática individual, bem como aqueles de grandes programas em múltiplos centros e todos os outros envolvidos. Há muitos bons modelos para o fornecimento de educação e apoio aos portadores de Diabetes.

As Normas não defendem uma abordagem isolada mas, em vez disso, buscam delinear as semelhanças entre as estratégias de educação em autogestão efetivas e de excelência. Estas são as normas empregadas no campo para reconhecimento e certificação. Eles também servem como guia para facilitadores e programas não reconhecidos e não certificados.Devido à natureza dinâmica das pesquisas e os cuidados em Diabetes, as Normas são revisadas e corrigidas aproximadamente a cada 5 anos pelas partes interessadas e especialistas dentro da comunidade de educação sobre Diabetes.

No outono de 2011, uma Força Tarefa foi convocada pelos Educadores da Associação Americana do Diabetes (Association of Diabetes Education – AADE, na sigla em inglês) e pela Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association – ADA).

Os Membros desta Força Tarefa incluíram especialistas das áreas de saúde pública, populações carentes incluindo cuidados primários rurais e outros serviços de saúde rurais, práticas individuais, grandes práticas urbanas especializadas e hospitais urbanos.

Também foram incluídos indivíduos portadores de Diabetes, pesquisadores, educadores certificados, enfermeiros registrados, nutricionistas registrados, médicos, farmacêuticos e um psicólogo.

A Força Tarefa foi encarregada da revisão das Normas Nacionais para a Educação sobre a Autogestão quanto à sua pertinência, relevância, bases científicas e atualização com base nas evidências disponíveis e consenso dos especialistas.

A Força Tarefa tomou a decisão de mudar o nome das orientações de Normas Nacionais para a Educação sobre a Autogestão do Diabetes para Normas Nacionais para a Educação e Apoio à Autogestão do Diabetes.

Esta mudança de nome teve como intenção codificar o significado do apoio contínuo para pessoas portadoras de Diabetes e para aqueles em risco de desenvolver a doença, particularmente para encorajar mudanças de comportamento, a gestão de comportamentos saudáveis relacionados ao Diabetes e para o tratamento de considerações psicossociais. Uma vez que a autogestão não para quando o paciente deixa o consultório do educador, o apoio à autogestão deve ser um processo contínuo. Embora o termo “Diabetes” seja utilizado de maneira predominante, deveria-se compreender que as Normas se aplicam à educação e ao apoio de pessoas com pré-Diabetes.

Atualmente, há barreiras significativas ao fornecimento de educação e apoio aos indivíduos com pré-Diabetes. E ainda assim, as estratégias para apoiar mudanças de comportamento bem sucedidas e comportamentos saudáveis recomendados para pessoas com pré-Diabetes são idênticos àqueles para indivíduos portadores de Diabetes. Enquanto as barreiras para os cuidados são transpostas, facilitadores de DSME e apoio à autogestão do Diabetes (DSMS, na sigla em inglês), dados seu treinamento e experiência, são particularmente bem equipados para auxiliar indivíduos com pré-Diabetes a desenvolver e manter comportamentos que possam prevenir ou retardar o início do Diabetes.

Muitas pessoas com Diabetes têm ou estão em risco de desenvolver comorbidades, incluindo complicações e quadros relacionados ao Diabetes (ex.: doença cardíaca, anormalidades lipídicas, lesões aos nervos e depressão) dentre outros problemas médicos que possam interferir com o autocuidado (ex.: enfisema, artrite e alcoolismo). Além disso, o diagnóstico, progresso e trabalho diário na gestão da doença pode ter um grande custo emocional para pessoas com Diabetes, o que faz com que o autocuidado se torne ainda mais difícil. As Normas incentivam os facilitadores de DSME e DSMS a apresentar o panorama geral de cada perfil clínico.

A comunicação regular entre os membros das equipes de cuidados à saú- de participantes é essencial para garantir educação e apoio de alta qualidade e eficiente para pessoas portadoras de Diabetes ou com pré-Diabetes.

No decorrer de seu trabalho sobre as Normas, a Força Tarefa identificou áreas nas quais atualmente há uma quantidade de pesquisa insuficiente.

Em particular, há três áreas nas quais a Força Tarefa recomenda a ação de pesquisas adicionais:

1. Qual é a influência da estrutura organizacional na efetividade do fornecimento de DSME e DSMS?

2. Qual é o impacto da utilização de um currículo estruturado em DSME?

3. Qual treinamento deveria ser exigido para aquelas comunidades, camadas ou colegas de trabalho sem formação em saúde ou Diabetes e os quais queiram participar no fornecimento de DSME e de DSMS?

Finalmente, as Normas enfatizam que a pessoa portadora de Diabetes está no centro de todo o processo de educação e apoio ao Diabetes.

É o indivíduo portador do Diabetes que tem o trabalho árduo de realizar a gestão de sua doença, dia após dia. O papel do educador, em primeiro lugar, é facilitar este trabalho.

DEFINIÇÕES DSME:

O processo contínuo de facilitar o conhecimento, competência e habilidade necessária para o autocuidado do pré-Diabetes e Diabetes. Este processo incorpora as necessidades, objetivos e expe-riências de vida da pessoa portadora do Diabetes ou pré-Diabetes e é guiado por normas baseadas em evidências.

Os objetivos gerais da DSME são dar apoio à tomada de decisões instruída, comportamentos de autocuidado, solução de problemas e colaboração ativa com a equipe de cuidados à saúde a fim de melhorar resultados clínicos, estado de saúde e qualidade de vida.

DSMS:

Atividades que auxiliem a pessoa com pré- Diabetes ou Diabetes a implementar e sustentar os comportamentos necessários para a gestão de sua doença em uma base contínua além ou fora do treinamento formal de autogestão. O tipo de apoio fornecido pode ser comportamental, educacional, psicossocial ou clínico.

NORMA 1

Estrutura Interna O(s) facilitador(es) de DSME documentarão uma estrutura organizacional, diretriz de missão e objetivos. Para os facilitadores trabalhando em uma organiza- ção maior, tal organização reconhecerá e dará apoio à DSME de qualidade como parte integral do cuidado com o Diabetes. A documentação de uma estrutura organizacional, diretriz de missão e objetivos pode levar ao fornecimento eficiente e efetivo de DSME e DSMS.

Na literatura especializada da área de administração, os estudos de caso e as investigações de relatórios de caso para estratégias de gestão bem sucedidas enfatizam a importância de metas e objetivos claros, relações e papéis definidos e apoio gerencial. Os especialistas em administração e politicas de saúde e organizações enfatizam compromissos assumidos por escrito, políticas, apoio e a importância da emissão de relatórios de resultados a fim de manter o apoio contínuo ou compromisso. A documentação de uma estrutura organizacional que delineie os canais de comunicação e represente um compromisso institucional com a entidade educacional é essencial para o sucesso.

De acordo com a The Joint Commission, este tipo de documentação é igualmente importante para ambas as organizações de cuidados à saúde, sejam elas pequenas ou grandes. Os especialistas em cuidados à saúde e de administração estão de total acordo que a documentação do processo de fornecimento de serviços é um fator essencial para a comunicação clara e estabelece uma base sólida da qual possa se originar uma educação de qualidade sobre o Diabetes.

Em 2010, A The Joint Commission publicou o “Disease-Specific Care Certification Manual” (Manual de Certificação para Cuidados a Doenças Específicas), o qual descreve as normas e medidas de desempenho para programas de cuidados crônicos e serviços de gestão de doenças, incluindo o “Apoio à Auto-Gestão”.

NORMA 2

Contribuição Externa O(s) facilitador(es) de DSME procurará(ão) contribui- ções contínuas de partes externas interessadas a fim de promover a qualidade do programa.

Para os facilitadores individuais e grupos de facilitadores de DSME e DSMS, as contribuições externas são vitais para a gestão de um programa atualizado e efetivo. A ampla participação de partes interessadas da comunidade, incluindo indivíduos portadores de Diabetes, profissionais de saúde e grupos de interesse da comunidade, aumentarão o conhecimento do programa sobre a população local e permitirão ao facilitador a melhor servir a comunidade.

Frequentemente, mas nem sempre, estas contribuições externas são melhor obtidas pelo estabelecimento de uma conselho consultivo formal. O(s) facilitador(es) de DSME e DSMS devem dispôr de um plano documentado para buscar contribuições externas e atuar sobre as mesmas.

O objetivo das contribuições externas e discussão no processo de planejamento do programa é de fomentar ideias que aperfeiçoem a qualidade de DSME e/ou DSMS fornecidas, construindo pontes entre as partes fundamentais interessadas.

O resultado disso é uma DSME efetiva, dinâmica, com foco no paciente, mais receptiva às necessidades identificadas pelos consumidores e às necessidades da comunidade, mais relevante culturalmente e mais atraente aos consumidores.

NORMA 3

Acesso O(s) facilitador(es) de DSME determinarão a quem servir, como melhor prover a educação sobre Diabetes para aquela população e quais recursos pode(m) fornecer apoio contínuo àquela população.

Atualmente, a maioria das pessoas portadoras do Diabetes e pré-Diabetes não recebem nenhuma educação estruturada sobre a doença. Enquanto há muitas barreiras para a DSME, uma questão crucial é o acesso.

Facilitadores de DSME podem ajudar a resolver essa questão ao:

• Esclarecer a população específica a ser servida. Compreender que a comunidade, área de serviço ou demografia regional é essencial para garantir que o maior número possível de pessoal sejam alcançadas, incluindo aqueles que não comparecem a consultas clínicas.

• Determinar as necessidades de educação e apoio à auto-gestão daquela população. Diferentes indivíduos, suas famílias e comunidades necessitam de diferentes tipos de educação e apoio. O(s) facilitador(es) de DSME e DSMS precisa(m) trabalhar para garantir que alternativas de educação necessárias estejam disponíveis. Isto significa compreender as características demográficas da população, tais como histórico étnico/cultural, gênero e idade, bem como níveis de educação formal, alfabetização e de raciocínio lógico-matemático. Tais características podem implicar na identificação de recursos fora da prática do facilitador que pode auxiliar no apoio contínuo do participante.

• Identificar questões de acesso e trabalhar para superá-las. É essencial determinar fatores que impeçam indivíduos portadores de Diabetes de receber educação e apoio à autogestão. O processo de avaliação inclui a identificação destas barreiras ao acesso. Estas barreiras podem incluir os fatores socioeconômicos ou culturais mencionados acima, bem como, por exemplo, carência de planos de saúde e a falta de incentivo de outros provedores de saúde para buscar educação sobre o Diabetes.

NORMA 4

Coordenação de Programa

Um coordenador deve ser designado para fiscalizar o programa DSME. O coordenador terá responsabilidades de fiscalização para o planejamento, implementação e avaliação de serviços de educação. A coordenação é essencial para garantir que educação e apoio de qualidade à autogestão do Diabetes sejam fornecidos através de um processo organizado e sistemático.

Como o campo de DSME continua a evoluir, o coordenador tem um papel fundamental na garantia de responsabilidade e continuidade no programa de educação.

O papel do coordenador pode ser visto como a coordenação do programa (ou processo educacional) e/ou como apoio à coordenação dos muitos aspectos da autogestão no continuum do Diabetes e doenças relacionadas, quando viável. Esta fiscalização inclui o planejamento de um programa educacional ou serviço que possibilite o acesso do participante aos recursos necessários e auxilio à navegação pelo sistema de cuidados à saúde .

O indivíduo que opera como coordenador terá conhecimento do processo da gestão de uma doença crônica ao longo da vida e facilitará a mudança de comportamentos, além de ter experiência com gestão de programa e/ou clínica. Em alguns casos, particularmente em práticas individuais ou outras práticas menores, o coordenador também pode facilitar DSME e/ou DSMS.

NORMA 5

Equipe de Instrução

Um ou mais instrutores facilitarão DSMS e, quando aplicável, DSMS. Ao menos um dos instrutores responsáveis pelo projeto e planejamento de DSME e DSMS será um enfermeiro registrado, nutricionista registrado ou farmacêutico com formação e experiência pertinente à DSME, ou outro profissional com certificação em cuidados em Diabetes e educação, tal como um Educador Certificado de Diabetes (CDE) ou em Gestão Clínica Avançada de Diabetes (BC-ADM).

Outros profissionais de saúde podem contribuir para a DSME e fornecer DSMS com um treinamento adequado em Diabetes com supervisão e apoio.

Historicamente, enfermeiros e nutricionistas foram os principais facilitadores de educação sobre o Diabetes. Recentemente, o papel do educador sobre o Diabetes expandiu-se para outras disciplinas, particularmente aos farmacêuticos.

Revisões comparando a efetividade das diferentes disciplinas para a educação não identificou diferenças claras na qualidade dos serviços prestados por diferentes profissionais. Entretanto, a literatura especializada favorece o enfermeiro registrado, o nutricionista registrado e o farmacêutico, todos servindo como instrutores primários para a educação sobre Diabetes e como membros da equipe multidisciplinar responsável pela elaboração do currículo e assistência ao fa-cilitar DSME.

O consenso dos especialistas apoia a necessidade de um treinamento especializado em Diabetes e educação para além da preparação acadêmica aos instrutores primários na equipe de Diabetes. Os profissionais que operam como instrutores devem documentar a educação continuada apropriada ou atividades comparáveis para garantir sua competência contínua a fim de atuar em seus papéis instrucionais, de treinamento e fiscalização.

Refletindo sobre o ambiente de cuidados à saúde em evolução, vários estudos recomendam uma abordagem de equipe multidisciplinar para o cuidado, educação e apoio ao Diabetes.

As disciplinas que podem ser envolvidas incluem, sem limitação, médicos, psicólogos e outros especialistas de saúde mental, especialistas em atividade física (incluindo fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fisiologistas do exercício), optometristas e podólogos.

Mais recentemente, os educadores da saúde (ex.: Especialistas Certificados em Educação da Saúde e Assistentes Médicos Certificados), gerentes de caso, cuidadores e trabalhadores comunitários e conselheiros ou educadores mostraram-se ser contribuidores efetivos como parte da equipe DSME e no fornecimento de DSMS.

Enquanto DSME e DSMS são geralmente fornecidas no âmbito de uma abordagem em grupo colaborativa e integrada, é crucial que o indivíduo portador do Diabetes seja visto como figura central da equipe e que ele ou ela assuma um papel ativo.

A certificação como um educador em Diabetes (CDE) pelo “National Certification Board for Diabetes Educators” (NCBDE), Conselho Nacional de Certificação para Educadores de Diabetes, é uma maneira pela qual um profissional pode demonstrar domínio de um corpo de conhecimento específico e esta certificação tornou-se uma credencial aceita na comunidade do Diabetes.

Uma credencial adicional que indica formação especializada para além do preparo básico é a “board certification in Advanced Diabetes Management” (BC-ADM), certificação do conselho em Gestão Avançada do Diabetes oferecida pela AADE, a qual está disponível para enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, médicos e médicos assistentes. Os indivíduos que operam como cuidadores ou trabalhadores comunitários e conselheiros ou educadores podem contribuir para o fornecimento de instrução de DSME e fornecer DSMS se tiverem obtido treinamento em gestão de Diabetes, o ensino de habilidades de autogestão, facilitação em grupo e apoio emocional.

Para estes indivíduos, deve ser estabelecido um sistema que garanta supervisão dos serviços prestados por um educador do Diabetes ou outro profissional de cuidados à saúde e apoio profissional para resolver problemas clínicos ou questões para além de seus treinamentos. Para serviços fora da área de especialidade de qualquer (quaisquer) facilitador(es) de DSME e DSMS, deve ser estabelecido um mecanismo que garanta que o indivíduo portador do Diabetes esteja conectado com facilitadores propriamente treinados e credenciados.

NORMA 6

Currículo

Um currículo escrito que reflita a evidência atual e orientações de prática, com critérios para resultados e avaliação, servirá como estrutura para a facilitação de DSME.

As necessidades do indivíduo participante determinará quais partes do currículo serão facilitadas a ele. Indivíduos com pré-Diabetes e portadores do Diabetes e suas famílias e cuidadores tem muito a aprender a fim de tornarem-se autogestores efetivos de sua doença.

A DSME pode facilitar esta educação por meio de um currículo atualizado, baseado em evidências e flexível. O currículo é um conjunto coordenado de cursos e experiências educacionais. Ele também especifica resultados de aprendizado e estratégias de ensino efetivas. O currículo deve ser dinâmico e refletir evidências atuais e orientações de prática.

Estudos recentes em educação recomendam a inclusão de abordagens práticas para solução de problemas, cuidado colaborativo, problemas psicossociais, mudança de comportamento e estratégias para sustentar esforços de autogestão.

Os seguintes tópicos centrais são geralmente parte do currículo ensinados em programas detalhados e que mostraram resultados bem sucedidos:

• Descrever o processo da doença e opções de tratamento;

• Incorporar a gestão nutricional ao estilo de vida;

• Incorporar a atividade física ao estilo de vida;

• Utilização de medicamento(s) de maneira segura para máxima eficácia terapêutica;

• Monitorar a glicemia e outros parâmetros e interpretar e utilizar os resultados para tomada de decisões de autogestão;

• Prevenir, detectar e tratar complicações agudas;

• Prevenir, detectar e tratar complicações crônicas;

• Desenvolver estratégias pessoais para resolver problemas e preocupações psicossociais;

• Desenvolver estratégias pessoais para promover mudanças de saúde e comportamento;

Embora as áreas de conteúdo listadas acima forneçam um perfil sólido para um currículo de educação e apoio ao Diabetes, é crucial que o conteúdo seja concebido para atingir as necessidades de cada indivíduo e adaptado como for necessário para diferentes idades, tipo de Diabetes (incluindo pré-Diabetes e Diabetes gestacional), fatores culturais, letramento e desenvolvimento de raciocínio-matemático sobre saúde e comorbidades.

As áreas de conteúdo poderão ser adaptadas para todos os contextos de prática. As abordagens à educação que são interativas e focam no paciente mostraram-se eficazes. O desenvolvimento de metas comportamentais e objetivos ativos também são cruciais. Os métodos de prestação de serviços criativos, focados no paciente e baseados em experiências vão além da mera aquisição de conhecimento, e são eficazes para o apoio da tomada de decisões instruída, mudança de comportamento significante e a resolução de preocupa- ções psicossociais.

NORMA 7

Individualização

As necessidades de autogestão do Diabetes, educação e apoio de cada participante serão avaliadas por um ou mais instrutores.

O participante e instrutor(es) desenvolverão juntos então, um plano de educação e apoio individualizado com foco em mudança de comportamentos. As pesquisas demonstraram a importância da individualização da educação em Diabetes para as necessidades de cada participante.

O processo de avaliação é utilizado para identificar quais são essas necessidades, a fim de facilitar a seleção de interven- ções educacionais e comportamentais apropriadas e estratégias de apoio à autogestão baseadas em evidências.

A avaliação deve angariar informações sobre o indivíduo, incluindo histórico médico, idade, influências culturais, crenças de saúde e atitudes, conhecimento sobre o Diabetes, habilidades de auto-gestão do Diabetes e comportamentos, resposta emocional ao Diabetes, disponibilidade para aprender, nível de alfabetização (incluindo letramento e desenvolvimento de raciocínio lógico-matemático em saúde), limitações físicas, apoio familiar e condições financeiras.

O plano de educação e apoio que participante e instrutor(es) desenvolverem serão enraizados em abordagens baseadas em evidências para a comunicação de saúde e educação eficazes levando em consideração as barreiras, habilidades e expectativas do participante.

O instrutor utilizará princípios claros de comunicação de saúde, evitando jargões, fazendo com que as informações sejam culturalmente relevantes, utilizando-se de linguagem e materiais educacionais apropriados ao letramento e fazendo uso de serviços de intérprete, quando necessários.

As estratégias de comunicação baseadas em evidências tais como lançamento colaborativo de metas, entrevistas motivacionais, estratégias cognitivas de mudanças comportamentais, solução de problemas, melhora de autoeficácia e estratégias de prevenção de recidivas também são eficazes. As reavaliações periódicas podem determinar se há necessidade de intervenções adicionais ou diferenciadas de futuras reavaliações.

Uma variedade de modalidades de avaliação, incluindo acompanhamento por telefone e outras tecnologias da informação (ex.: baseada na web, mensagem de texto ou ligações telefônicas automatizadas) podem melhorar as avaliações presenciais.

O plano de avaliação e educação, intervenção e resultados serão documentados no registro de educação/saúde. A documentação dos encontros com o participante guiará o processo educacional, fornecerá evidências de comunicação entre a equipe instrucional e outros membros do cuidado à saúde do participante, prevenirá a duplicação dos servi- ços e demonstrará cumprimento das orientações.

O fornecimento de informações aos outros membros da equipe de cuidado à saúde do participante através da documentação de objetivos educacionais e objetivos comportamentais pessoais aumentam a possibilidade de que os membros irão trabalhar em colaboração .

As evidências sugerem que o desenvolvimento de procedimentos padronizados para documentação, treinamento de profissionais de saúde para documentar apropriadamente, e o uso de formulários padronizados e estruturados baseados nas orientações de prática atuais podem melhorar a documentação e podem finalmente melhorar a qualidade do cuidado.

NORMA 8

Apoio Contínuo

O participante e os instrutor(es) irão desenvolver juntos um plano de acompanhamento personalizado para o apoio contínuo à autogestão. Os resultados e objetivos do participante e o plano para apoio contí- nuo à autogestão serão comunicados a outros membros da equipe de cuidados à saúde.

Embora a DSME seja necessária e efetiva, não garante por si só uma vida de autocuidado eficaz do Diabetes. Descobriu-se que as melhoras iniciais no metabolismo do paciente e outros resultados diminuem após 6 meses, aproximadamente

. A fim de sustentar o nível de autogestão necessário para gerenciar de maneira tanto o pré-Diabetes quanto o Diabetes a longo prazo, a maioria dos pacientes precisa de um DSMS contínuo .

O tipo de apoio fornecido pode ser comportamental, educacional, psicossocial ou clínico.

Uma variedade de estratégias estão disponíveis para o fornecimento de DSMS, todas dentro ou fora da organização da DSME. Alguns pacientes se beneficiam do trabalho realizado em conjunto com um enfermeiro como responsável pelo caso. A gestão de caso para o DSMS pode incluir lembretes sobre cuidados ou exames de acompanhamento necessários, gestão de medicamentos, educação, lançamento de metas comportamentais, apoio psicossocial e conexão com os recursos da comunidade. Também foi estabelecida a eficácia do fornecimento de DSMS através de programas de gestão de doenças, pessoal treinado e prestadores de saúde à comunidade, programas baseados em comunidade, tecnologia da informação, educação continuada, grupos de apoio e terapia médico-nutricional.

Embora a responsabilidade principal pela educação sobre o Diabetes pertença ao(s) facilitador(es) da DSME, os participantes se beneficiam ao receber reforço de conteúdo e objetivos comportamentais de toda a sua equipe de cuidados à saúde.

Além disso, muitos pacientes recebem DSMS de seus fornecedores principais de cuidados. Portanto, a comunicação entre os membros da equipe à respeito dos resultados educacionais, objetivos e plano de DSMS do paciente é essencial para garantir que os portadores de Diabetes recebam o apoio que atenda às suas necessidades e seja reforçado e consistente entre os membros da equipe de cuidados à saúde.

Uma vez que a autogestão se dá nas vidas diárias dos participantes e não em ambientes clínicos ou educacionais, os pacientes receberão assistência para formular um plano para encontrar recursos baseados na comunidade que possam apoiar sua autogestão contínua do Diabetes.

De forma ideal, os facilitadores de DSME e DSMS trabalharão com os participantes para identificar tais serviços e, quando possível, localizar aqueles que foram efetivos com pacientes, enquanto realizarão a comunicação com os provedores de recursos baseados na comunidade a fim de melhor integrá-los ao cuidado geral do paciente e fornecer apoio contínuo.

NORMA 9

Progresso do Paciente

O facilitador(es) de DSME e DSMS monitorarão se os pacientes estão atingindo suas metas pessoais de autogestão do Diabetes e outro(s) resultado(s) como maneira de avaliar a eficácia da(s) intervenção(ões), utilizando-se de técnicas de medição apropriadas. A autogestão eficaz do Diabetes pode ser de contribuição significativa para resultados de saúde positivos e de longo prazo. O(a) facilitador(es) de DSME e DSMS avaliarão os objetivos pessoais de autogestão de cada participante e seu progresso em direção a estes objetivos .

Os “Outcome Standards for Diabetes Education” (Normas de Resultado para a Educação sobre o Diabetes) da AADE especificam a mudança de comportamento como resultado chave e fornecem uma estrutura útil para avaliação e documentação.

A AADE7 lista sete fatores essenciais: atividade física, alimentação saudável, medicação, monitorização da glicemia, autocuidado do Diabetes—solução de problemas relacionados, redução de riscos de complica- ções agudas e crônicas e aspectos psicossociais da vida com o Diabetes.

As diferenças de comportamentos, crenças de saúde e cultura, bem como sua resposta emocional ao Diabetes podem ter um impacto significativo em como os participantes entendem sua doença e empenham-se na autogestão.

Os Facilitadores de DSME que são responsáveis por estas diferenças quando em colaboração com os participantes no planejamento de programas personalizados de DSME ou DSMS podem melhorar os resultados dos participantes. As avaliações de resultados dos participantes devem ocorrer a intervalos apropriados. O intervalo depende da natureza do resultado por si mesmo e do prazo especificado com base nos objetivos pessoais do participante. Para algumas áreas, os indicadores, medidas e prazos se basearão em orientações de organizações profissionais ou agências governamentais.

NORMA 10

Melhora na Qualidade

O(s) facilitador(es) de DSME medirão a eficácia de educação e apoio e procurarão por maneiras de melhorar quaisquer lacunas identificadas em serviços ou qualidade de serviço utilizando-se de uma revisão sistemática de processo e dados de resultados. A educação em Diabetes deve ser receptiva aos avanços de conhecimento, estratégias de tratamento, estratégias de educação e intervenções psicossociais, bem como tendências de consumidores e o ambiente de cuidados à saúde em modificação.

Ao medir e monitorar continuamente os dados de processo e resultado, os facilitadores de DSME podem identificar áreas de melhora e fazer ajustes em estratégias de incentivo ao comprometimento do participante e ofertas de programas de maneira conforme.

O Institute for Healthcare Improvement (Instituto para a Melhora dos Cuidados à Saúde) sugere que três perguntas fundamentais sejam respondidas por um processo de aperfeiçoamento:

• O que estamos tentando realizar?

• Como saberemos que uma mudança é uma melhora?

• Quais mudanças podemos fazer que resultarão em uma melhora?

Uma vez que áreas de melhora sejam identificadas, o facilitador de DSME deve designar uma linha de tempo e marcos importantes, incluindo coleta de dados, análises e apresentação de resultados. Medir ambos, processos e resultados, ajuda a garantir que a mudança seja bem sucedida sem causar problemas adicionais ao sistema.

As medidas de resultado indicam o resultado em um processo (isto é, caso as mudan- ças estejam mesmo levado a melhorias), enquanto as medidas de processo fornecem informações sobre o que causou tais resultados. As medidas de processo são frequentemente direcionadas àqueles processos que tipicamente impactam os resultados mais importantes.

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