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Vitamina D não precisa ser usada por todos, segundo estudo publicado pelo BMJ

Embora o US Preventive Services Task Force recomende que mulheres saudáveis pós-menopausa não tomem suplementos de cálcio e vitamina D para prevenir fraturas, outros grupos continuam a recomendar suplementos de vitamina D, com ou sem cálcio, para evitar quedas ou fraturas.
O United Kingdom’s Scientific Advisory Committee on Nutrition (SACN), por exemplo, sugeriu recentemente que adultos deveriam considerar o uso de um suplemento de vitamina D de baixa dose no outono e no inverno.No entanto, em um artigo recentemente publicado online pelo BMJ, o pesquisador da Universidade de Auckland, Mark J Bolland, e colaboradores examinaram a literatura atual e descobriram que “não há evidência consistente de que a suplementação com vitamina D ou o aumento dos níveis de 25-hidroxivitamina D melhore os resultados músculo-esqueléticos”.
Eles concordam que as pessoas que estão em alto risco de deficiência de vitamina D “aqueles que estão confinados dentro de casa, têm exposição à luz solar muito limitada ou têm síndromes de má absorção “ devem receber aconselhamento sobre a exposição à luz solar e sobre uma dieta saudável e que o uso de suplementos de vitamina D em baixa dose (400-800 UI/dia [10-20 μg]) pode ser considerado individualmente. Mas para os demais, as conclusões dos pesquisadores mostra que a evidência atual não apoia o uso de suplementação de vitamina D para prevenir doença.
O tópico ainda é controverso: Louis Levy, gerente de equipe de conselhos de nutrição da Public Health England, no Reino Unido, ainda recomenda que pessoas saudáveis devem tomar suplementos de vitamina D nos meses de inverno, conforme indicação da SACN, enquanto que Tim D Spector, professor de epidemiologia genética do King’s College London, Reino Unido, assume a posição oposta.

Pessoas saudáveis devem tomar pílulas de vitamina D no inverno

Levy escreve que a SACN revisou a evidência para os resultados da saúde músculo-esquelética com a vitamina D e “estimou que 10 μg/dia é a quantidade de vitamina D necessária para 97,5% da população manter as concentrações sanguíneas acima ou igual a 25 nmol/L (nível que é necessário para proteger a saúde musculoesquelética) quando a exposição ao sol é mínima.
A vitamina D é encontrada no óleo de peixe, carne vermelha, fígado, gema de ovo e alguns cereais e produtos lácteos fortificados, e é absorvida pela pele quando exposta à luz solar, mas muitas pessoas podem exigir um suplemento para atender às recomendações de ingestão.
A SACN recomenda que aqueles que não recebem muita exposição ao sol ou têm a pele mais escura devem considerar tomar um suplemento de vitamina D de 10 μg/dia durante todo o ano e todos devem considerar tomar este tipo de suplemento no outono e inverno.
No entanto, as pessoas devem evitar tomar muita vitamina D, uma vez que isso pode resultar em hipercalcemia, desmineralização do osso, calcificação dos tecidos moles e danos renais, adverte o Sr. Levy.

Pessoas saudáveis não devem tomar pílulas de vitamina D no inverno

O Dr. Spector concorda que “o tratamento com vitamina D ainda tem um papel comprovado em pessoas com deficiência ou em grupos de alto risco, como pessoas idosas doentes ou em bebês em risco”.
No entanto, ele é veemente contra o uso por outras pessoas que não estejam nestas condições. Ao invés disso, o foco deve ser ter um estilo de vida saudável, expor-se à luz do sol e a alimentos variados.
De acordo com o Dr. Spector, infelizmente criamos uma outra “pseudo-doença” que é incentivada por empresas de vitaminas, grupos de pacientes, fabricantes de alimentos e instituições de caridade.
“As pessoas saudáveis devem obter vitamina D a partir de pequenas doses de sol todos os dias, além de fontes alimentares e ter confiança de que milênios de evolução terão lidado bem com o fato de que nos climas do norte naturalmente o nosso nível de vitamina D cai no inverno sem que nós quebremos nossos membros”, conclui.

Benefícios pouco claros dos suplementos de vitamina D

Não obstante, em uma revisão da literatura do Dr. Bolland e colegas é relatado que mais de 50 meta-análises consideram que há pouco ou nenhum benefício em tomar suplementos de vitamina D para prevenir quedas ou fraturas; alguns dos estudos revisados relataram até mesmo aumento do risco de quedas e fraturas com o uso intermitente de altas doses de vitamina D.
A combinação de vitamina D e cálcio evitou fraturas em dois ensaios de mulheres idosas frágeis severamente deficientes em vitamina D em cuidados residenciais, mas não em sete ensaios de pessoas que moravam na comunidade.
Algumas meta-análises relataram efeitos não-esqueléticos positivos de suplementos de vitamina D, mas a evidência foi fraca.Do mesmo modo, o Dr. Spector escreve que a maioria das meta-análises e estudos de randomização mendelianos não demonstraram que a vitamina D previne a doença cardiovascular em seres humanos, e o mesmo é provavelmente verdadeiro para a osteoporose.
“Infelizmente”, uma revisão recente na Cochrane não encontrou efeito global da suplementação de vitamina D em fraturas , e “mais preocupante, os estudos em idosos não mostram benefícios claros sobre a força muscular ou mobilidade”, acrescenta.Dr Bolland e colegas também conjecturaram que pelo menos sete grandes ensaios randomizados em andamento sobre o uso de suplementos de vitamina D para resultados não-esqueléticos “são improváveis de alterarem as conclusões a partir das atuais revisões sistemáticas”, uma vez que os ensaios não estão recrutando pessoas com graves deficiências de vitamina D.
Fonte: BMJ, em 23 de novembro de 2016 / Medical Journal – 30/11/16
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