Prática acaba aumentando o risco de doenças como câncer e obesidade.
Pela mesa, porções avantajadas de guarnições e do alimento principal divididas em cumbucas. No canto dela, um prato com tamanho também além do recomendado para ser preenchido. A combinação cada vez mais comum em restaurantes e nas cozinhas caseiras tem levado a pessoas a comer mais, alertam pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, em uma revisão que envolveu dados de 6.711 adultos e foi publicada hoje no jornal Cochrane Database of Systematic Reviews.
“Pode parecer óbvio que, quanto maior o tamanho da porção, mais as pessoas comem, mas, até esta revisão sistemática, a evidência para esse efeito tinha sido bem fragmentada, de modo que o quadro geral, até agora, tem sido pouco claro”, observa Gareth Hollands, coautor do estudo e pesquisador da Unidade de Comportamento e Pesquisa em Saúde da universidade britânica.
Segundo Hollands, há uma tendência de vincular o excesso de ingestão de comida e bebida a características pessoais, como o excesso de peso e a falta de autocontrole. Os resultados apresentados por ele e a equipe, porém, reforçam a necessidade de intervenções que estão além das decisões individuais. “Na verdade, a situação é muito mais complexa. Nossa pesquisa destaca a importância do papel das influências ambientais sobre o consumo alimentar. Facilitar com que as pessoas evitem as porções exageradas de comida ou bebida, reduzindo o tamanho delas em restaurantes, por exemplo, pode ser uma boa maneira de ajudá-las a diminuir o risco de comer demais.”
A estimativa dos pesquisadores é de que, reduzindo o tamanho das porções e dos talheres, haverá uma queda da média da energia diária consumida em até 29%. No caso dos adultos do Reino Unido, a diminuição pode variar de 12% a 16%, o equivalente a até 279kcal. Se forem norte-americanos, entre 22% a 29%, ou seja, até 527kcal diárias. A revisão, resultado da análise de 61 estudos, não detectou que os efeitos variavam substancialmente em relação ao sexo, ao índice de massa corporal, à suscetibilidade à fome ou à disposição para controlar o comportamento alimentar.
Fonte: Portal Ciência e Saúde – Correio Braziliense de 15.09.2015