Autores:
R. Hinsch1, T.F. Dejgaard1, M.W. Pedersen1, B.J. von Scholten1, C.S. Frandsen2, S. Madsbad2, H.U. Andersen1; 1Steno Diabetes Center, Gentofte, 2Hvidovre Hospital, University of Copenhagen, Dinamarca.
Fonte:
Congresso EASD 2015, em Estocolmo.
Histórico e Objetivos:
Na insulinoterapia para o Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2), a adição de um agonista do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1RA) melhorou tanto o controle metabólico como a satisfação do paciente com o tratamento. Estudos têm relatado efeitos positivos no peso e na hiperglicemia em pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) adicionando-se GLP-1 RA ao tratamento com insulina. No entanto, como potencial tratamento futuro para DM1, é importante avaliar os resultados relatados por pacientes.
Materiais e Métodos:
Um total de 100 pacientes com DM1, com controle glicêmico ruim e com sobrepeso, foram randomizados para receber liraglutida 1,8 mg uma vez ao dia ou placebo como adição à terapia intensiva com insulina neste estudo duplocego e paralelo (The Lira-1 Study). Para avaliar os resultados relatados pelos pacientes, utilizamos os questionários Diabetes Treatment and Satisfaction (DTSQs) e Problem Areas in Diabetes (PAID) na linha de base, após 3 semanas de tratamento e ao final do tratamento (26 semanas). os DTSQs foram divididos em seções de satisfação em relação ao tratamento e hipoglicemia.
Resultados:
As características na linha de base foram similares entre os grupos de liraglutida e placebo (liraglutida;placebo, média±SD) idade 46±13;50±13 anos, HbA1c 73±8;73±7 mmol/mol, dose diária total de insulina 60±23;61±21 IU/ dia e peso 93,0±14.3;93,7±13,2 kg, exceto duração do Diabetes 20±12;27±12 anos (p=0,009). Os resultados relatados foram avaliados em 73 pacientes (38 e 35 pacientes nos grupos liraglutida e placebo, respectivamente). A pontuação de satisfação geral no DTSQs para o grupo liraglutida não diferiu significativamente da linha de base 23,0±3,5 para 23,7±3,2 (p=0,18) após 3 semanas ou ao fim do tratamento 24,1±3,4 (p=0,051). No grupo do placebo, a pontuação média de base 23,7±4,1 não mostrou alteração significativa após 3 semanas de tratamento 24,3±3,1 (p=0,31), porém aumentado para 25,5±3,3 (p=0,013) ao final do tratamento. Nenhuma diferença significativa foi observada entre os grupos nas alterações ou na pontuação de satisfação geral em qualquer momento (p>0,46). Na seção DTSQs para hipoglicemia, a pontuação no grupo liraglutida aumentou de 4,7±1,4 para 5,4±1,0 (p=0,004) após 3 semanas de tratamento, porém não mostrou alteração significativa 5,3±1,3 (p=0,055) ao final do tratamento quando comparado à linha de base. No grupo placebo, a linha de base 4,5±1,6 e a pontuação de 3 semanas, 5,1±1,2 (p=0,075), não diferiu significativamente, porém aumentou significativamente para 5,3±0,9 (p=0,003) ao final do tratamento, comparado à linha de base. Nenhuma diferença significativa foi observada nas altera- ções de hipoglicemia entre os grupos, em momento algum (p>0,59). No questionário PAID, a pontuação média no grupo liraglutida reduziu de 24,9±15,9 para 18,8±15,4 (p=0,0001) após 3 semanas, sendo de 20,4±17,2 (p=0.029) ao final do tratamento. No grupo placebo, a pontuação média de base 22,6±14.4 não mostrou alteração significativa após 3 semanas 19,3±13,3 (p=0,074), ou em 26 semanas 20,7±15,8 (p=0,21). Nenhuma diferença significativa foi observada entre os grupos em qualquer momento (p>0,21).
Conclusão:
A adição de liraglutida 1,8 mg à insulina, uma vez ao dia, em pacientes com DM1 mal controlados e sobrepeso não apresentou melhora nas medidas dos resultados relatados pelo paciente nos questionários DTSQs e PAID, durante ou após 26 semanas de tratamento. As conclusões acima contrastam com a melhora na satisfação com o tratamento, relatada por pacientes com DM2 obesos em tratamento com insulina, após a adição de liraglutida à insulina