Concluíram que o uso de Inibidores de SGLT2 para o Tratamento de Diabetes Deve Continuar Sem Alterações no que Tange às Recomendações Atuais
Jacksonville, Flórida – (27 de outubro de 2015) – A American Association of Clinical Endocrinologists (Associação Norte-Americana de Endocrinologistas Clínicos – AACE) e a American College of Endocrinology (Colégio Americano de Endocrinologia – ACE) organizaram uma assembleia de médicos, cientistas e outros especialistas em Diabetes dos EUA e de outros países, a fim de realizar um rigoroso exame dos possíveis problemas acerca dos SGLT2i (inibidores de cotransportador-2 de glicose sódica), uma classe de medicamentos, obtidos à base de receita médica e usados para reduzir a glicose sanguínea em adultos com Diabetes, e sua possível relação com a cetoacidose diabética (DKA).
O grupo de especialistas se reuniu em Dallas, Texas, nos dias 24 e 25 de outubro, a fim de realizar uma análise intensiva dos dados científicos e clínicos disponíveis durante a “Análise Científica e Clínica da AACE/ACE: Relação entre os Inibidores de SGLT2 e a DKA.”
Mediante a análise do material disponível, juntamente com um extenso debate sobre o impacto dos SGLT2i no metabolismo humano, os especialistas concluíram que a superioridade da DKA não é recorrente e a proporção risco-benefício favorece amplamente o uso contínuo de SGLT2i sem alterações nas recomendações atuais.
A conferência foi convocada como reação aos relatórios publicados sobre a ocorrência da DKA em pacientes portadores de Diabetes tipo 1 e tipo 2 em tratamento com SGLT2i, fazendo com que a FDA (Food and Drug Administration – Agência Federal dos Produtos Alimentares e Farmacêuticos dos EUA ) e a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) emitissem um aviso de cautela quanto à prescrição deste agente até que as provas sejam reunidas e examinadas. A DKA é uma complicação aguda e que põe em risco a vida do portador de Diabetes.
Entre as autoridades médicas de renome, dos EUA e internacionais, estavam presentes na reunião: Henning Beck-Nielsen, MD, DMSc, chefe da Associação Dinamarquesa de Diabetes e presidente do Centro Dinamarquês de Pesquisas Estratégicas sobre o Diabetes Tipo 2 – DD2; Ele Ferrannini, MD, Associado da Unidade de Metabolismo no Instituto e Conselho de Pesquisa de Fisiologia Clínica da Itália; John Nolan, FRCPI, FRCP (ED), CEO, Diretor do Steno Diabetes Center na Dinamarca; Ralph DeFronzo, MD, BMS, MS, BS, Vice-diretor do Instituto de Diabetes do Texas; Sam Dagogo-Jack, MD, MBBS, FRCP, FACE, Presidente do setor de Medicina e Ciência da Associação Norte-Americana do Diabetes e Arthur Vinik, MD, PhD, Professor de Medicina, Patologia e Anatomia da Eastern Virginia Medical School.
A AACE e a ACE convocaram as empresas farmacêuticas para que continuassem a investigar os mecanismos por trás do efeito metabólico do SGLT2i e a observar que o diagnóstico da DKA deixa de ocorrer ou ocorre com atraso, devido a apresentação atípica relacionada aos níveis de glicose inferiores ao esperado ou outros níveis medidos erroneamente em laboratório. Além do exposto acima, a AACE e a ACE incentivaram que todos os participantes associados, incluindo sociedades médicas, empresas de planos de saúde, a indústria farmacêutica, hospitais, associações de pacientes e outras partes interessadas iniciassem atividades educacionais, ao instruir médicos e outros profissionais de saúde relacionados que lidam com o Diabetes, sobre as formas corretas de identificar e tratar a DKA.
“Com as notáveis observações dos experientes profissionais durante a conferência, conseguimos atingir nosso intuito de realizar uma avaliação completa, objetiva e equilibrada dos dados, a fim de emitir recomendações sobre esse assunto de vital importância”, declarou Yehuda Handelsman, MD, FACP, FACE, FNLA, Chefe do Programa e Diretor Médico do Instituto Metabólico Americano na Califórnia.
“A riqueza dos dados científicos e clínicos presentes neste simpósio foram ideais para aprimorar nossa compreensão da relação entre os inibidores de SGLT2 e a DKA”, declarou Robert Henry, MD, FACE, Chefe do Programa, do setor de Diabetes, Endocrinologia e Metabolismo e do Centro de Pesquisas Metabólicas do Centro Médico VA de San Diego. “Tenho certeza de que esses dados permitirão que a AACE forneça recomendações para reduzir a ocorrência desta complicação nos pacientes com Diabetes.”
“O sucesso da conferência foi mais um exemplo do que a AACE faz de melhor, a fim de aprimorar a capacidade de seus membros em proporcionar os melhores cuidados possíveis aos seus pacientes”, disse o presidente da ACE, President George Grunberger, MD, FACP, FACE. “Quando surge um problema clínico importante, para o qual não temos respostas definitivas, nós reunimos os melhores profissionais, nacionais e internacionais, a fim de examinar as evidências disponíveis e fornecer orientações práticas aos profissionais de saúde e pacientes, além da comunidade científica, para que possamos orientar as pesquisas futuras. Fizemos o mesmo procedimento recentemente em relação ao pré-Diabetes, ao Diabetes e ao câncer, à obesidade, ao monitoramento de glicose e agora abordamos a questão da relação entre o uso de inibidores de SGLT2 e a DKA.”
É possível encontrar um resumo das conclusões da conferência neste link. Um white paper completo, contendo recomendações clínicas, será publicado em uma edição futura do periódico científico da AACE, o Endocrine Practice.
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Sobre a American Association of Clinical Endocrinologist
(AACE – Associação Americana de Clínicos Endocrinologistas) A American Association of Clinical Endocrinologist (AACE/Associação Americana de Clínicos Endocrinologistas) representa mais de 6.000 endocrinologistas nos Estados Unidos e no exterior. AACE é a maior associação de clínicos endocrinologistas do mundo. A maioria dos membros da AACE são certificados em Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo e se concentram no tratamento de pacientes com doenças endócrinas e metabólicas, incluindo Diabetes, distúrbios da tireóide, osteoporose, deficiência de hormônio de crescimento, distúrbios de colesterol, hipertensão e obesidade. Visite nosso site: www.aace.com.
Sobre o American College og Endocrinology (ACE – Colégio Americano de Endocrinologia)
O American College of Endocrinology (ACE/Colégio Americano de Endocrinologia) é o braço educacional, científico e solidário da American Association of Clinical Endocrinologists (AACE/Associação Americana de Clínicos Endocrinologistas). A ACE lidera no avanço de assistência e prevenção de doenças endócrinas e metabólicas, fornecendo educação profissional e informações sobre saúde pública de confiança; reconhecimento da excelência em ensino, pesquisa e serviço; promovendo a investigação clínica e definindo o futuro da Endocrinologia Clínica. Para obter mais informações, visite http://www.aace.com/college/.
Conclusão – Resumo
Na sequência de relatos recentes de casos de cetoacidose diabética (CAD) em pacientes tratados com “sodium glucose cotransporter 2 (SGLT2) inhibitors “, a Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos (AACE) e do Colégio Americano de Endocrinologia (ACE) convocaram uma conferência pública em que especialistas da Europa e dos Estados Unidos avaliaram uma série de cada caso . Após a revisão do material disponível, juntamente com uma discussão aprofundada do impacto de inibidores de SGLT2 sobre o metabolismo humano, os peritos concluíram que a prevalência de DKA é pouco frequente e o risco-benefício favorece esmagadoramente uso contínuo de inibidores de SGLT2 sem alterações de recomendações atuais.
São as seguintes conclusões:
- Para os indivíduos com diabetes tipo 2 (DM2), não está claro se DKA ocorre com uma maior freqüência do que ocorria antes do advento dos inibidores de SGLT2. Em 2012, havia mais de 500.000 casos de DKA nos EUA, com 20 a 50% das internações hospitalares envolvendo pacientes com diabetes tipo 2. Na Dinamarca, a taxa de CAD antes da era inibidor de SGLT2 foi 1-2 casos por 1000 pacientes. A incidência de DKA em ensaios clínicos de inibidores de SGLT2 com T2D foi 0,5-0,8 de casos por 1000 pacientes por ano. Embora as taxas de incidência de dados em ensaios clínicos sejam baixas, podem não refletir a experiência real no mundo . Os pacientes com diabetes tipo 1 têm um maior risco de DKA do que aqueles com diabetes tipo 2. Como tal, o risco de desenvolvimento DKA enquanto tomar inibidores de SGLT2 pode ser ainda mais elevado. No entanto, mais dados são necessários para elucidar essa relação. Muitos casos reportados têm sido recentemente mal documentados, por isso nem todos os casos de DKA podem ter sido reais, mas sim uma acumulação de cetonas resultantes do mecanismo de inibição de SGLT2. Estas não são cetonas necessariamente prejudiciais.
- Parece que a maioria dos DKA ocorre em pessoas com diabetes, que são insulino deficientes, tais como diabetes tipo 2 de longa data, a diabetes auto-imune latente em adultos (LADA), e DM1. Geralmente, os pacientes apresentaram sinais e sintomas clássicos de DKA. Contudo, alguns casos, tiveram uma apresentação atípica devido a níveis de glicose mais baixos do que o esperado.
- Precipitantes de DKA em DM1 e DM2 incluem cirurgia, exercícios prolongados, infarto do miocárdio , infecções graves, acidente vascular cerebral e outras condições médicas estressantes; quase todos casos de SGLT2 associados ao inibidor da DKA ocorreram em pacientes com tais eventos metabolicamente estressantes. Em ambos Diabetes Tipo 1 e Tipo 2 , alterações metabólicas comumente mudam do metabolismo dos carboidratos para a oxidação das gorduras, predispondo assim os pacientes a desenvolver mais facilmente DKA durante o uso de inibidor de SGLT2.
- Para os pacientes que passaram a tomar um inibidor de SGLT2 que se apresentam com sintomas sugestivos de DKA tais como dor abdominal, náuseas, vômitos, fadiga e dispnéia, o diagnóstico de DKA deve ser considerado. Embora um baixo teor de bicarbonato / ou a presença positiva de cetonas na urina podem ser sugestivos de DKA, estas medidas podem ser imprecisas. Portanto, AACE / ACE recomenda medidas diretas de beta-hidroxibutirato e pH arterial, que são necessários para confirmar o diagnóstico. Deve ser enfatizado que o valor normal ou aumento moderado da glicemia não exclui o diagnóstico de DKA durante o uso de inibidor SGLT2.
- Para a gestão de DKA em pacientes que tomam inibidores de SGLT2, suspenda o medicamento imediatamente e prosseguir com protocolos de tratamento tradicionais DKA.
- Para minimizar o risco de cetoacidose diabética associada com inibidores de SGLT2:
# Considere parar o inibidor de SGLT2, pelo menos, 24 horas antes da cirurgia eletiva, atividade física estressante, graves procedimentos invasivos planejados, ou antecipado, tais como correr uma maratona.
# Para uma cirurgia de emergência ou qualquer evento de extremo estresse , o medicamento deve ser interrompido imediatamente e uma adequada assistência clínica deva ser fornecida.
# Medição de rotina de cetonas no sangue não é recomendado durante a utilização de inibidores SGLT2 em DT2. Porque medição de cetona na urina pode ser enganosa, medição de corpos cetónicos no sangue é o preferido para o diagnóstico de DKA em pacientes sintomáticos. Os pacientes que tomam inibidores de SGLT2 devem evitar o consumo excessivo de álcool e dietas muito baixas hidrato de carbono / cetogênica .
# Inibidores de SGLT2 não são aprovados para uso em DM1. No entanto, AACE / ACE encoraja a continuação de estudos em curso, porque os resultados iniciais mostraram um impacto promissor na regulação da glicemia. AACE / ACE sugere que em futuros ensaios com DM1, doses menores do inibidor SGLT2 deva ser considerada e doses de insulina não devem ser automaticamente reduzidas quando Inibidores de SGLT2 são iniciados. Em vez disso, a insulina deve ser ajustada com base na resposta do indivíduo para o inibidor de SGLT2 e ingestão de hidratos de carbono deve ser mantida. Estas recomendações devem também ser aplicadas se inibidores de SGLT2 são prescritos” off-label” para pacientes com DM1 e pode ser considerado para pacientes com diabetes tipo 2 que recebem terapêutica com insulina exógena. Instamos as empresas farmacêuticas para continuar a investigar os mecanismos por trás do efeito metabólico de inibidores de SGLT2. O diagnóstico de DKA é muitas vezes perdido ou adiado devido a apresentação atípica envolvendo níveis mais baixos do que o esperado de glicose ou outros valores laboratoriais errados. Esta apresentação tem sido observada com inibidores de SGLT2, mas também foi observada antes da introdução destes agentes. Nós, portanto, incentivamos todas as partes associadas interessadas incluindo as sociedades médicas, seguradoras, indústria farmacêutica, hospitais, associações de pacientes e outras partes interessadas para iniciar amplas atividades de educação para médicos e outros profissionais de saúde diretamente ligados com o controle do diabetes, para aprenderem a identificar de forma adequada e tratar o DKA.
Fonte: American Association of Clinical Endocrinologists.