Autores: M. Tomić, R. Vrabec, Ž. Rogulja Pepeonik, S. Ljubić, T. Bulum, K. Blaslov, L.Duvnjak; Clínica Universitário para o Diabetes Vuk Vrhovac, Doenças Metabólicas e Endocrinológicas, Hospital Universitário de Merkur, Zagreb, Croácia.
Fonte: Congresso EASD 2015 Estocolmo.
Histórico e Objetivos:
A catarata é a causa mais comum de cegueira evitável no mundo. Em pacientes com Diabetes, a catarata aparece mais cedo e progride mais rapidamente do que a catarata senil. Em consequência, resulta em maiores taxas de cirurgia em pacientes jovens e piores resultados de visão, especialmente, em olhos operados com retinopatia proliferativa ativa e/ou edema macular pré-existente. A patogênese exata que causa a opacificação das lentes no Diabetes é ainda pouco entendida e presume-se envolver os fatores de risco das complicações diabéticas.
Objetivo:
Foi investigar o papel da duração do Diabetes, dos fatores de risco metabólicos, da retinopatia diabética (RD) e da nefropatia no desenvolvimento da catarata em pacientes com Diabetes Tipo 2.
Materiais e Métodos:
Estudo transversal incluindo 107 pacientes com Diabetes Tipo 2 (67 homens / 40 mulheres, média de idade 66,74 ± 8,01 anos, média da duração do Diabetes de 15,05 ± 5,69 anos).
Fatores de risco metabólicos: hemoglobina glicada (HbA1c), colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL e triglicerídeos foram determinados usando métodos laboratoriais de rotina.
A pressão arterial foi medida com um esfigmomanômetro de mercúrio após um período de descanso de 10 minutos.
As taxas de creatinina sérica, do clearance de creatinina e da albumina/creatinina (A/C) foram usadas para determinar a presença de nefropatia.
O exame oftalmológico incluiu a melhor acuidade visual corrigida (MAVC), biomicroscopia das lentes, fundoscopia de lâmpada de fenda indireta binocular e fotografia de colorida fundo dos dois campos (campo macular, campo nasal/disco) dos dois olhos, em conformidade com a metodologia de fotografia de retina da EURODIAB. A opacidade da lente foi graduada de acordo com o Sistema de Classificação de Opacidade das Lentes, versão III (LOCSIII).
Resultados:
Os pacientes foram divididos em três grupos, de acordo com as 4 escalas de classificação do LOCSIII.
O grupo 1 consistia de pacientes com lentes cristalinas claras (n=16), o grupo 2 de pacientes com catarata inicial (NO1-NO2, NC1-NC2, C1-C2, P1-P2; n=74) e o grupo 3, de pacientes com catarata imatura (NO3-NO4, NC3-NC4, C3-C4, P3- P4; n=17). Os três grupos não se diferenciavam em idade, gênero, tratamento do Diabetes, PAS e PAD (pressão arterial sistólica e diastólica), colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos. O grupo 3 era formado por pacientes com significativamente maior duração do Diabetes (17,12 ± 6,38 anos vs. 10,81 ± 4,09 anos; p<0,001) e HbA1c ligeiramente mais elevada (7,11 ± 1,06 vs. 6,38 ± 0,82; p=0,052) do que o grupo 1. A RD era significativamente mais grave (35/29/36% vs. 82/6/12%; p=0,047) e o clearance de creatinina consideravelmente menor (1,53 ± 0,25 vs. 1,90 ± 0,72; p=0,017) no grupo 3 do que o grupo 1. A catarata foi positivamente relacionada com a PAD (p=0,002), RD (p=0,009) e taxa de A/C (p=0,004). A RD foi positivamente relacionada com HbA1c (p=0,018), triglicerídeos (p=0,041) e taxa A/C (p=0,007). A análise de regressão múltipla mostrou que a duração do Diabetes (coeficiente β=0,365; p<0,001), a PAS (coeficiente β=0,379; p=0,003), a PAD (coeficiente β=0,503; p<0,001) e a RD (coeficiente β=0,243; p=0,013) eram os principais causadores do desenvolvimento da catarata em pacientes com Diabetes Tipo 2.
Conclusão:
Esse estudo mostrou que a duração do Diabetes, controle glicêmico inadequado, pressão arterial, retinopatia e nefropatia possuem um importante papel no desenvolvimento da catarata no Diabetes Tipo 2. Esses resultados apontam a necessidade de reduzir ainda mais os fatores de risco como um meio de prevenir, não somente a retinopatia, mas também a catarata. Assim, melhorando a qualidade de vida do indivíduo com Diabetes e reduzindo o peso econômico causado pela deficiência e pela cirurgia da catarata