SAN DIEGO – Entre pacientes com neuropatia periférica diabética e compressão neural na região da fossa poplítea, que apresentavam dor, apesar do tratamento clínico, aqueles submetidos a cirurgia de descompressão neural apresentaram menos dor do que os pacientes que não fizeram o procedimento, depois de um ano e de quatro anos e meio de acompanhamento.
Os resultados do estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego, controlado com placebo Diabetic Neuropathy Nerve Decompression (DNND) foram apresentados nas sessões científicas da American Diabetes Association (ADA) 2017 pelo Dr. Shai Michael Rozen, médico e professor associado de cirurgia plástica no University of Texas Southwestern Medical Center, em Dallas.
“Surpreendentemente, talvez, os pacientes que fizeram a cirurgia simulada também informaram menos dor, embora esta resposta tenha sido bem menor em comparação ao alívio da dor entre os pacientes que foram submetidos de fato à cirurgia”, disse o Dr. Rozen. Além disso, os pacientes que não fizeram nem a cirurgia real nem a simulada informaram discreto aumento da dor ao longo do estudo, independentemente de seu controle glicêmico.
“Esses dados sugerem que provavelmente exista um papel para a descompressão neural ao pensamos que existe superposição de compressão neural em um paciente com neuropatia diabética dolorosa”, observou o cirurgião.
Convidado a comentar, o codiretor da sessão, Dr. Paul J. Kim, médico da Georgetown University School of Medicine, em Washington, DC, disse ao Medscape: “Este é o estudo mais robusto já feito para o procedimento, e o fato de fazerem a cirurgia simulada, é inacreditável; esse tipo de estudo já não é mais feito”.
Um Estudo de Um Milhão de Dólares Pode Trazer a Comprovação Necessária
Este foi um estudo randomizado feito ao longo de nove anos, e que custou um milhão de dólares, inicialmente financiado pelo National Institutes of Health (NIH), no qual 92 pacientes fizeram cirurgia de descompressão em uma perna e um procedimento simulado na outra perna, e 46 pacientes não fizeram cirurgia.
Nos pacientes com diabetes, “os tecidos ficam mais rígidos”, explicou o Dr. Kim. “Existe uma região embaixo da cabeça da fíbula (logo abaixo do joelho) onde passa o nervo fibular comum, e sobre ele encontra-se um ligamento, e os ligamentos tendem a… perder a elasticidade nos pacientes com diabetes, de modo que o nervo sofre compressão e o paciente apresenta esses sintomas, algo semelhante à síndrome do túnel do carpo”.
Os pacientes, que são os seus próprios controles – neste caso, fizeram a cirurgia de descompressão em uma perna e a cirurgia simulada na outra perna –, muitas vezes apresentam um efeito sistêmico e se beneficiam da cirurgia simulada.
Fonte: Medscape – 7 de julho de 2017, por Marlene Busko.