“Os pesquisadores podem ter encontrado uma maneira de prevenir a hipoglicemia em pessoas com Diabetes.”
As pessoas com Diabetes Tipo 1 ou Tipo 2 que tomam insulina têm um risco maior de desenvolver hipoglicemia ou baixa de açúcar no sangue. Agora, um estudo de como uma proteína funciona no pâncreas pode levar a novos tratamentos para proteger contra esta condição potencialmente fatal.
A Dra. Gina LC Yosten, que é professora assistente de farmacologia e fisiologia na Saint Louis University, no Missouri, e sua equipe descobriram em trabalhos anteriores a proteína, que tem o nome neuronostatina.
Elas descobriram que a neuronostatina poderia prevenir a hipoglicemia fazendo com que o pâncreas aumentasse o açúcar no sangue de duas maneiras. Uma maneira é produzir menos insulina, que é um hormônio que reduz o açúcar no sangue, e a outra é produzir mais glucagon, um hormônio que aumenta o açúcar no sangue.
Na investigação mais recente, os cientistas mostraram que injetar neuronostatian em ratos elevou os níveis de açúcar no sangue dos animais.
Elas também descobriram que o baixo nível de açúcar no sangue faz com que o tecido pancreático humano libere mais neuronostatina e que o tratamento com o glucagon desencadeie mais liberação de neuronostatina.
A equipe diz que, com mais pesquisas, essas descobertas podem levar a neuronostatina a se tornar alvo de drogas para prevenir e tratar a hipoglicemia em pessoas com Diabetes Tipo 1 e Tipo 2.
O estudo foi apresentado na reunião anual da American Physiological Society durante o encontro interdisciplinar Experimental Biology 2019, que acontece de 6 a 9 de abril em Orlando, FL.
“Há muito poucas opções”, diz Stephen Grote, um estudante de doutorado no grupo do Dr. Yosten, “para prevenir a hipoglicemia ou tratar a falta de consciência da hipoglicemia, além de evitar tanto quanto possível o baixo nível de açúcar no sangue”.
“Entender o que a neuronostatina faz e como funciona vai fornecer informações valiosas para prevenir a hipoglicemia e fornecer um conhecimento mais completo sobre como o pâncreas administra o açúcar no sangue normalmente”, acrescenta.
Diabetes e o Pâncreas
O Diabetes surge porque o corpo tem problemas em produzir ou usar insulina, que é um hormônio que ajuda as células a ingerir glicose, ou açúcar no sangue, e usá-lo como energia.
Sem tratamento efetivo, o diabetes resulta em açúcar elevado no sangue, ou hiperglicemia, que pode levar à insuficiência renal, cegueira, derrame, ataque cardíaco e amputação de pés e pernas.
Existem dois tipos principais de Diabetes: Tipo 1 e Tipo 2. A grande maioria das pessoas com Diabetes tem Tipo 2.
No Diabetes Tipo 1, o organismo não produz insulina suficiente e, por isso, as pessoas com esse tipo precisam tomar insulina todos os dias para impedir que o açúcar no sangue suba para níveis perigosos.
No Diabetes Tipo 2, as células do corpo não podem usar insulina de forma eficaz. O pâncreas tenta compensar fazendo ainda mais insulina, mas, eventualmente, isso não é suficiente, e as pessoas precisam tomar insulina extra para controlar o açúcar no sangue.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas em todo o mundo com Diabetes subiu de 108 para 422 milhões durante 1980-2014.
Nos Estados Unidos, existem cerca de 30 milhões de pessoas com diabetes, das quais 90-95% têm Diabetes Tipo 2.
A Necessidade de Melhores Tratamentos
Pessoas com Diabetes que ingerem muita insulina podem apresentar baixo nível de açúcar no sangue, o que pode deixá-las tontas e sonolentas. Se os seus níveis de açúcar continuarem a cair, existe um alto risco de sintomas mais graves, incluindo convulsões e perda de consciência.
Há também o risco de que os episódios de hipoglicemia possam evoluir para um ciclo vicioso de severidade crescente, pois a condição pode reduzir a capacidade das pessoas de perceber os sintomas e, consequentemente, a chance de intervir.
Existe uma necessidade, portanto, de tratamentos melhorados e uma compreensão mais profunda de como a hipoglicemia se desenvolve no diabetes.
No novo estudo, Yosten e sua equipe mostraram como a neuronostatina aumenta o glucagon interagindo com certos tipos de proteínas receptoras nas células alfa pancreáticas que liberam o hormônio.
Além disso, demonstraram que, em resposta a níveis mais altos de glicose, a neuronostatina reduziu a produção de insulina pelas células beta pancreáticas.
Em um resumo da reunião sobre o estudo, a equipe observa que isso sugere que a neuronostatina “é um componente pancreático da resposta contrarregulatória à hipoglicemia”.
Para confirmar isso, os pesquisadores mostraram que infundir ratos machos com neuronostatina por 30 minutos “aumentou substancialmente” seus níveis de glicose no sangue.
Além disso, o tratamento com neuronostatina diminuiu a depuração da glicose e reduziu a produção de insulina em resposta à hiperglicemia.
Testes adicionais também revelaram que as células pancreáticas expostas a baixos níveis de glicose liberavam neuronostatina, e que a glicemia de jejum elevou os níveis sanguíneos de neuronostatina em ratos.
Potencial para Proteger Contra Hipoglicemia
Os pesquisadores dizem que os cientistas precisam fazer mais estudos agora para confirmar que a neuronostatina pode prevenir ou reverter a hipoglicemia e descobrir quais mecanismos e vias de sinalização o corpo usa.
“Nós propomos”, eles observam, “que a neuronostatina poderia representar um novo alvo terapêutico para o tratamento e prevenção de hipoglicemia em Diabetes”.
A equipe está realizando seu trabalho para descobrir como o corpo controla a neuronostatina e como ela interage com os mecanismos de liberação de insulina e glucagon no pâncreas.
“A neuronostatina é um fator verdadeiramente inovador”, explica Grote, “e tudo o que descobrimos faz com que nosso conhecimento do potencial terapêutico seja um pouco mais avançado.”
“Acreditamos que o estudo da neuronostatina pode revelar uma maneira de usá-la para ajudar a prevenir e reverter ciclos viciosos de hipoglicemia, ajudando o organismo a responder adequadamente ao baixo nível de açúcar no sangue com mais glucagon”. Stephen Grote.