A Novo Nordisk é a primeira equipa profissional a ser exclusivamente composto por atletas com diabetes e já corre na Volta ao Algarve.
Diagnosticados com diabetes, os ciclistas de uma equipa norte-americana decidiram desafiar a doença e por estes dias correm entre os melhores do mundo, na Volta ao Algarve, com o sonho de virem a disputar a Volta a França.
Criada em dezembro de 2012, a Novo Nordisk é a primeira equipa profissional de ciclismo constituída exclusivamente por atletas com diabetes e que, nas cinco etapas da ‘Algarvia’, terá em prova oito atletas, da Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda e Itália.
Além da doença, estes atletas partilham do mesmo espírito de resiliência, qualidade que os levam a acreditar que, daqui por cinco anos, em 2021, estarão no ‘Tour de France’, quando se assinalam 100 anos sobre a descoberta da insulina, uma hormona que é simultaneamente o tratamento com que os diabéticos convivem diariamente.
Diretor da equipa desde a sua fundação, Vassili Davidenko, contou à agência Lusa que os atletas da Novo Nordisk têm a mesma rotina de treino do que qualquer outro atleta, embora precisem de monitorizar constantemente os níveis de glicose no sangue.
“Não diria que fazem diferente de qualquer outra equipa, comem a mesma comida e fazem o mesmo treino, precisam é de gerir a diabetes e mantê-la num nível equilibrado”, relatou o ex-ciclista profissional, natural da Geórgia.
Segundo o diretor da equipa norte-americana, que já participou três vezes na Volta a Portugal, mas que agora está ‘reformado’, a grande missão da Novo Nordisk é mesmo sensibilizar as pessoas para a doença, motivar aquelas que a têm e demonstrar que não impede a prática de desporto.
No autocarro da equipa, cujo nome é o do patrocinador, um grupo farmacêutico dinamarquês que produz e comercializa insulina, podem ler-se dezenas de testemunhos de apoio, em diversas línguas, de pessoas que têm diabetes ou cujos familiares sofrem da doença.
Um dos atletas da equipa, David Lozano, era considerado o melhor ciclista de BTT em Espanha quando começou a perder a visão num dos olhos, numa altura em que tinha acabado de assinar um contrato profissional, denunciado pelo clube logo após ter tido conhecimento do diagnóstico.
“Ao princípio foi complicado, porque queria ser ciclista e ainda por cima tinha acabado de fazer um contrato e não sabia como encarar a doença, mas agora estou aqui, a correr entre os melhores”, confessou à Lusa o ciclista espanhol, de 27 anos, diagnosticado com diabetes tipo 1 aos 22.
O ciclista profissional diz que não sente nenhuma limitação por ter a doença e que tem “dias bons e maus” como qualquer atleta, sendo apenas necessário “ter mais coisas em conta” e, além disso, defende que fazer exercício “ajuda mais a controlar a glicose do que estar sentado no sofá”.
Stephen Clancy, de 23 anos e diagnosticado com diabetes aos 19, dedica-se ao ciclismo desde os 16 e tinha um contrato com uma equipa amadora na Irlanda, mas exames de rotina detetaram-lhe níveis de açúcar extremamente elevados no sangue.
Um dia depois de conhecer o diagnóstico, o ciclista, que estava a estudar para ser professor de Educação Física e que reside atualmente em Espanha, fez uma pesquisa na Internet e soube da existência da Novo Nordisk, à qual se juntou há quatro anos.
“Nas primeiras 24 horas foi tudo muito negativo, os médicos disseram-me que os níveis extremos de exercício podiam complicar a gestão da doença, que me iria restringir muito”, confessou.
O atleta referiu que a entrada na equipa o deixou motivado, pois agora tem a certeza que a doença não pode pará-lo e deixou uma mensagem a todos os diabéticos que queiram investir num desporto: “Não tenham medo, aceitem a doença e continuem a perseguir os vossos sonhos”.
Fonte: DESPORTO VOLTA AO ALGARVE – POR LUSA