Fonte: Portal Saúde R7
Notícia publicada em: 07.11.2014
Autor: Mônica Katz
Para Mônica Katz, “criamos uma cultura que comer é um ato ilícito e um pecado capital”
Após “mais de um século de dietas diferentes”, o que “mais cresce no mundo é a obesidade e o sobrepeso”, por isso “a dieta não parece ser a resposta”, diz em entrevista à Agência Efe a especialista argentina Mônica Katz, que argumenta que “proibir, não adianta” na luta contra a balança.
— A epidemia da obesidade é um dos maiores fracassos da saúde do século XX.
Mônica, que é diretora do setor de nutrição na Universidad Favaloro e membro da Sociedade Argentina de Nutrição, acredita que “informar” e “proibir não adianta”, porque “o ser humano baseia suas decisões no prazer” e a dieta “proíbe e propõe abstinência do que você mais gosta até que reduza o peso, e isso se torna insustentável”.
A profissional aposta no “autocontrole” e em “comer sem demonizar”, porque “muita restrição de calorias e eliminar ou propor restrição de alimentos, por exemplo, líquidos, em geral, vem acompanhado de maior ganho de peso”.
— Simplesmente deixar de fazer dieta seria um comportamento que aumentaria a possibilidade para muita gente que tem sobrepeso não atingir os níveis de obesidade no mundo.
Mônica acredita que “a certeza diminui o desejo e aumenta o controle”. Ela propõe, inclusive, que os médicos prescrevam alimentos como o chocolate para pessoas que o solicitem e está convencida de que, com a prescrição médica envolvida, “não vão comer”.
Ela reconhece que seguir uma dieta é um “comportamento muito comum”, já que responde a um “ideal de beleza” mundial que tem “como eixo a magreza”. Contudo, insiste que “não funcionam” porque apelam para um “padrão de comida que não tem a ver nem com o armazenado pela pessoa como modo de comer durante toda a vida, nem com o que comem seus amigos e parceiros, e também o mercado”.
— Criamos uma cultura em que comer é um ato ilícito e um pecado capital e isso está trazendo problemas.
Mónica propõe um diálogo entre os setores para buscar alternativas a tal modelo social, com a participação de representantes de “nutrição, economia, educação, indústria da tecnologia e da indústria do lazer”, porque hoje as pessoas passam mais tempo vendo esportes do que praticando.
Além disso, ela aposta em “incentivos” e “premiações” para as boas práticas, ao mesmo tempo em que critica que os alimentos mais saudáveis sejam mais “caros”.
Ela sugere uma diminuição nos valores dos seguros de vida e de saúde para as pessoas que praticam esportes e que bolsas de estudos deveriam ser concedidas para aqueles que participam de maratonas.
Cerca de 200 acadêmicos, médicos e atletas participam do Simpósio Vida Ativa e Saudável da Série Científica Latino-Americana (SCL), que terminou nesta sexta-feira (12) em Buenos Aires, onde discutiram estratégias para melhorar a qualidade de vida.