Os estudiosos querem avaliar os alimentos considerando a comida como um todo, incluindo outras iguarias ingeridas ao mesmo tempo, de uma forma mais global.
” Toda gordura da amêndoa não é liberada na digestão: efeitos combinados”
Na última década, aumentou a vigilância dos consumidores e dos profissionais de saúde sobre teor de carboidratos, proteínas e gorduras dos alimentos. Contudo, um artigo publicado no American Journal of Clinical Nutrition alerta que não se pode avaliar os efeitos de um produto alimentício no organismo com base em nutrientes individuais. A comida deve ser considerada como um todo, inclusive com as outras iguarias ingeridas ao mesmo tempo, defendem.
“Ao longo do tempo, os pesquisadores adquiriram novas habilidades e ganhamos mais métodos para explorar o que nutrientes específicos significam para a digestão e a saúde”, diz Tanja Kongerslev Thorning, do Departamento de Nutrição, Exercício e Esporte da Universidade de Copenhague e principal autora do artigo “Mas, quando comemos, não consumimos nutrientes individuais. Nós comemos comida completa, seja sozinha ou com outros alimentos da refeição. Portanto, parece óbvio que deveríamos avaliar os produtos alimentícios em contexto”, defende.
Ela explica que a composição de uma comida pode alterar as propriedades dos nutrientes que a compõem, de forma que não se pode avaliar seus efeitos sobre a saúde com base apenas nos nutrientes. Por exemplo, laticínios como queijo têm um impacto menor sobre a quantidade de colesterol no sangue do que seria esperado, considerando o teor de gordura saturada desse alimento. As interações da gordura com os outros nutrientes, porém, é o que define a ação do queijo no organismo.
“Outro exemplo são as amêndoas, que contêm muita gordura, mas, durante a digestão, liberam muito menos esse nutriente do que o esperado, mesmo quando muito bem mastigada. Os efeitos de um alimento sobre a saúde são, provavelmente, uma combinação da relação entre seus nutrientes e dos métodos usados no preparo ou na produção. Isso significa que alguns alimentos podem ser melhores ou menos saudáveis do que acreditamos”, afirma.
O artigo é assinado por um painel de 18 especialistas em epidemiologia, alimentos, nutrição e ciências médicas. Eles participaram de um debate em Copenhague sobre produtos lácteos e a respeito de como a mistura de alimentos complexos e substâncias bioativas, como minerais e vitaminas, podem afetar a digestão e, em última instância, alterar as propriedades nutricionais de um alimento em particular.
“Quando comemos, não consumimos nutrientes individuais. Nós comemos comida completa (…) Portanto, parece óbvio que deveríamos avaliar os produtos alimentícios em contexto”
Tanja Kongerslev Thorning, principal autora do artigo
Fonte: Ciência e Saúde do CB , 24-05-2017
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