- Os pesquisadores se perguntaram se a vitamina D pode ajudar as pessoas a evitar infecções por SARS-CoV-2 e atenuar os efeitos do COVID-19.
- Um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo visa testar a utilidade da vitamina D no combate à doença.
- O estudo descobriu que altas doses de vitamina D não têm efeito sobre os principais resultados do COVID-19 em pacientes hospitalizados particularmente enfermos .
- Mais pesquisas são necessárias para investigar se a deficiência de vitamina D está associada a casos mais graves de COVID-19.
Houve inúmeras investigações sobre um possível papel da vitamina D na prevenção de infecções por SARS-CoV-2 e complicações por COVID-19.
Esses estudos tiraram conclusões conflitivas. Agora, um estudo de pesquisadores no Brasil fornece uma resposta mais robusta a pelo menos uma pergunta-chave: a vitamina D pode ajudar a prevenir complicações do COVID-19 em pacientes hospitalizados particularmente enfermos? De acordo com os resultados, a resposta parece ser não.
O estudo descobriu que altas doses de vitamina D administradas a pacientes hospitalares com COVID-19 moderado ou grave não afetaram o curso da doença.
“Estudos in vitro ou ensaios com animais já haviam demonstrado que, em determinadas situações, a vitamina D e seus metabólitos poderiam ter efeitos antiinflamatórios e antimicrobianos, além de modular a resposta imunológica”, explica Rosa Pereira, pesquisadora principal do estudo.
“Decidimos investigar se uma alta dose da substância poderia ter um efeito protetor no contexto de uma infecção viral aguda, reduzindo a inflamação ou a carga viral.”
Com base nos resultados do estudo, diz Pereira,
“Até agora, podemos dizer que não há indicação para administrar vitamina D a pacientes que chegam ao hospital com COVID-19 grave.”
A pesquisa aparece em JAMAFonte confiável.
COVID-19 e Vitamina D
Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) em São Paulo, Brasil, conduziram o ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. Os pesquisadores dizem que este estudo é o primeiro desse tipo.
A equipe acompanhou as experiências de 240 voluntários em tratamento para sintomas do COVID-19 no Hospital das Clínicas da FM-USP e no hospital de campanha do Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, de junho a agosto de 2020. Todos os participantes apresentaram resultados positivos para SARS-CoV-2 usando um teste de reação em cadeia da polimerase ou via teste de anticorpos.
Todos eles receberam tratamento com protocolos padrão COVID-19 que incluem medicamentos antibióticos e antiinflamatórios. Os pesquisadores então os dividiram em dois grupos iguais aleatoriamente.
Os cientistas deram aos participantes do primeiro grupo uma dose única de 200.000 unidades de vitamina D3 dissolvida em óleo de amendoim. Eles deram aos do segundo grupo placebos inalterados com óleo de amendoim.
O desenho do estudo era descobrir se uma alta dose de vitamina D estava associada a uma hospitalização mais curta – os pesquisadores descobriram que não.
A investigação também não encontrou evidências de que a vitamina D diminua a probabilidade de uma pessoa ser admitida na unidade de terapia intensiva ou necessitar de intubação.
A vitamina D também parece não ter efeito sobre a mortalidade, embora Pereira avise que um estudo maior com mais participantes é necessário antes que os pesquisadores possam tirar as conclusões finais.
O estudo exclui conclusivamente a vitamina D como uma “solução mágica” para o tratamento de COVID-19.
O coautor Bruno Gualano, pesquisador da FM-USP, afirma:
“Mas isso não significa que o uso contínuo de vitamina D não possa ter algum tipo de efeito benéfico”.
Tendo sugerido que uma única alta dose de vitamina D não é uma solução para COVID-19 grave, Pereira está liderando um novo estudo para determinar se a deficiência de vitamina D tem algum efeito na capacidade de uma pessoa de superar a SARS-CoV-2.
Pereira também está procurando determinar a quantidade de vitamina D que uma pessoa deve ter na corrente sanguínea para promover uma boa saúde. Este limite irá variar dependendo das características de um indivíduo. Pessoas mais jovens e geralmente saudáveis devem ter pelo menos 20 nanogramas por mililitro de sangue (ng / ml). Já para os idosos, por exemplo, e aqueles com osteoporose, o mínimo é 30 ng / ml.
Pereira diz:
“A abordagem ideal é a análise caso a caso, se necessário dosando a substância periodicamente por meio de hemograma, com suplementação caso seja detectada deficiência”.