O estudo acompanhou 3.166 pacientes que tiveram AVC ou ataque cardíaco e que receberam tratamento com drogas como a aspirina.
O uso diário de aspirina por pessoas com mais de 75 anos está relacionado a um risco maior de sangramento grave ou fatal, de acordo com um novo estudo publicado na terça-feira (13/6) na revista científica The Lancet.
Nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com os autores do estudo, de 40% a 60% das pessoas com mais de 75 anos usam aspirina ou outras drogas parecidas para evitar ataques cardíacos ou AVC. Esse tipo de tratamento é recomendado para o resto da vida a esses pacientes, como prevenção secundária.
A recomendação para o tratamento de longo prazo com aspirina se baseia em testes feitos com pacientes com menos de 75 anos, que foram estudados ao longo de períodos de dois a quatro anos. Estudos anteriores, porém, já ligaram esses tratamentos ao sangramento no trato gastrointestinal superior.
Embora já se soubesse que os riscos de sangramento crescem com a idade, havia dados insuficientes para estimar o aumento da severidade do problema com o envelhecimento, de acordo com o autor principal do estudo, Peter Rothwell, da Universidade de Oxford (Reino Unido).
“Nosso novo estudo permite compreender muito mais claramente o quanto aumenta o risco, a severidade e as consequências dos sangramentos. Estudos anteriores mostraram que há um claro benefício no tratamento de curto prazo com aspirina após ataques do coração ou AVC. Mas nossa descoberta levanta questões sobre o equilíbrio entre riscos e benefícios no uso a longo prazo por pessoas com mais de 75 anos”, afirmou Rothwell.
O estudo acompanhou 3.166 pacientes que tiveram AVC ou ataque cardíaco e que receberam tratamento com drogas como a aspirina. Metade dos pacientes tinham mais de 75 anos no início do estudo. Ao longo de 10 anos de pesquisas, um total de 314 pacientes recorreram a hospitais após sangramento. O risco de sangramento – especialmente grave e fatal – cresceu conforme a idade.
Para pacientes com menos de 65 anos que tomam aspirina diariamente, a taxa anual de sangramento que exigiu atendimento hospitalar foi de 1,5%. Entre os pacientes de 75 a 84 anos, a taxa cresceu para 3,5%, chegando a 5% entre os pacientes com mais de 85 anos.
O risco de sangramento grave ou fatal também aumentou com a idade. Para pacientes com menos de 65, a taxa anual desse tipo de sangramento foi menor que 0,5%. Entre os pacientes de 75 a 84 anos, a taxa aumentou para 1,5%. Para os pacientes com mais de 85 anos, a taxa se aproximou de 2,5%.
Segundo os autores do estudo, embora os riscos de ataque cardíaco e AVC também cresçam com a idade, os resultados mostraram que, para os pacientes com mais de 75 anos, o sangramento do trato gastrointestinal superior como resultado da terapia com aspirina é perigoso, caso não seja feito em conjunto com a prescrição de um inibidor de bomba de prótons.
O uso conjunto desses medicamentos contra a azia, segundo os autores, pode reduzir o sangramento do trato gastrointestinal superior de 70% a 90% em pacientes que estão recebendo tratamento de longo prazo com aspirina. No entanto, a prescrição dos inibidores de bomba de prótons não são rotina. Entre os pacientes que participaram do estudo, só um terço recebia esse tipo de droga.
Fonte: Agencia Estado , postado em 16/06/2017.