Modelo de medicina precisa mudar com o envelhecimento da população

Modelo de medicina precisa mudar com o envelhecimento da população

Mais atividade física, alimentação equilibrada, monitoramento de doenças crônicas, menos exames e visitas a médicos de dezenas de especialidades diferentes. De acordo com Dr. Renato Veras, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI/UERJ), esse modelo que ele chama de “medicina mais leve” tem se mostrado mais adequado ao novo perfil demográfico brasileiro, no qual a população vive mais, impactando não apenas a saúde, mas diversos setores da economia.

Especialista em Saúde Coletiva e Gerontologia, Veras participará do painel “Os impactos das doenças crônicas na Saúde Suplementar. A importância da Gestão de Saúde Populacional” ao lado do superintendente de Recursos Próprios da Unimed Belo Horizonte, Fábio Lentulio; do médico Alberto Ogata, mestre em medicina e economia da saúde e professor da Fundação Getulio Vargas; e da Gerente Médica da Saúde Corporativa do Hospital Israelita Albert Einstein, Gisele Maria Couto. O painel integra o “I Congresso de Saúde Suplementar”, que acontece de 22 a 25 de maio na Hospitalar, em São Paulo (SP).

“A medicina precisa entender que o padrão das doenças mudou, doença crônica não cura, ela estabiliza, quando está instalada não regride mais, a pessoa vai com ela até o final da vida. E isso o médico não gosta de ouvir. Acha que o papel da medicina é curar, o papel é pensar diferente”, afirma Veras, explicando que se uma pessoa que adquire diabetes aos 50 anos tiver o acompanhamento médico adequado, viverá 30, 40 anos com a doença. “Não dá para tratar isso no modelo antigo. Copiamos o modelo americano que é de muito médico, muita máquina de 1 milhão de dólares, o que é ineficiente e quebra financeiramente as famílias e o Estado. Temos como conduzir esse processo de uma maneira mais barata e eficiente”.

De acordo com o médico Alberto Ogata, da FGV, o sistema precisa estar separado para esse cenário de aumento de doenças crônicas, no qual, segundo ele, um terço da população adulta tem hipertensão. Ele afirma que não há como impedir que as pessoas adoeçam, mas cita soluções de contenção de riscos, franquias e coparticipação como medidas para conter o aumento do custo na ponta. “Discutir somente cirurgias, tratamento do câncer não é o suficiente porque cada vez tem mais gente precisando do sistema de saúde, que tem que estar preparado e ainda está totalmente fragmentado”.

Fábio Lentulio, da Unimed BH, conta que o cuidado aos pacientes com condições crônicas é responsável por grande parte das consultas e custos na saúde suplementar na empresa. “Um sistema passivo como o tradicional terá uma perspectiva de aumento exponencial de custos e consequentemente do preço para garantir sua sustentabilidade”, argumenta o superintendente.

Por conta disso, a Unimed evoluiu em várias frentes: tem construído, por exemplo, uma rede de serviços próprios integrada e compartilhado o prontuário eletrônico, estimulando a vinculação dos pacientes com médicos ambulatoriais. “Em outra frente, desenvolvemos, há cinco anos, um produto de atenção primária à saúde para que o paciente tenha sempre um médico de referência, responsável pelo seu cuidado”, explica o médico, citando ainda as atividades de prevenção. “Temos equipes de cuidados paliativos domiciliares para que os pacientes que não possuam mais perspectiva de cura possam ter alívio de dores e outros sintomas e um falecimento digno”, completa.

Referência em qualidade, o Hospital Israelita Albert Einstein, intensificou as ações do “Programa Cuidar” em 2017, obtendo excelentes resultados em relação à evolução de doenças crônicas de seus colaboradores e dependentes, um universo de cerca de 28 mil pessoas. Segundo a Gerente Médica Gisele Maria Couto, o programa desenvolvido internamente trata desde 2013 a prevenção e a atenção primária por meio de médicos de família e generalistas. “É um trabalho intenso com mais de 20 mil atendimentos por ano que tem diminuído nosso índice de afastamento, que é bem baixo, de 1,5%. Além disso, aumentou a satisfação dos funcionários em nossa pesquisa de clima”, completa ela sobre o piloto.

Fonte: Educação- Portal Hospitais Brasil de 17 de maio de 2018

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