Pais devem entender que são os responsáveis pela alimentação das crianças até que elas tenham autonomia suficiente para decidirem o que é bom ou não.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 600 milhões de pessoas, ou 13% da população adulta do mundo são obesas. Em 34 anos, a taxa mais que dobrou, representando um impacto de R$ 5,6 trilhões na economia global. Recentemente, o Ministério da Saúde também apresentou uma pesquisa, apontando que mais da metade de população brasileira está acima do peso.
Certamente, os dados são alarmantes e chamam atenção, principalmente quando analisamos que seis em cada dez crianças brasileiras com menos de dois anos já tiveram uma experiência alimentar inadequada, comendo biscoitos, bolachas ou bolos e 32% já beberam refrigerante ou suco industrializado, alimentos que só deveriam ser consumidos após essa idade, e sob orientação médica.
Neste sentido, um dos principais fatores que agravam a situação vem de uma equivocada iniciativa dos próprios pais, que na busca de suprirem a distância dos filhos durante a jornada de trabalho, encontram em fast food, junk food, salgadinhos, refrigerantes, bolachas recheadas ou guloseimas, uma forma de preencher o vazio afetivo.
Com isso, refeições hipercalóricas e carentes nutricionalmente, falta de uma rotina predeterminada, hábitos errôneos ao se alimentar (comer em frente à TV) ganham espaço no ambiente familiar e se tornam cada vez mais frequentes no dia a dia.
O consumo de alimentos industrializados deve ser evitado não só pelas crianças, mas por todos.
Ao invés de oferecer às crianças esses tipos de alimentos, dê opções saudáveis como frutas, sucos naturais preparados na hora, bolachas de arroz, bolos sem glúten e sem açúcar.
É possível ter sabor e saúde, basta querer.
O cuidado com os hábitos alimentares dos filhos é fundamental para a promoção da saúde. Os pais devem entender que são os responsáveis pela alimentação das crianças até que elas tenham autonomia suficiente para decidirem o que é bom ou não, para elas. Em paralelo, eles precisam comer corretamente para que seus filhos aprendam e repitam os gestos. O tipo de alimento que é inserido até os dois anos vai determinar como as crianças vão se alimentar ao longo de toda a sua vida.
A obesidade é uma doença crônica e os cuidados devem se estender por toda a vida.
Crianças obesas possuem maior propensão a desenvolver o problema na fase adulta. Mas, independente do peso corporal, uma alimentação saudável e nutricionalmente equilibrada deve se aderida, a partir do nascimento e por toda a vida.
Contradizendo o que nossos avós diziam, uma criança gordinha não é uma criança saudável.
A má alimentação, associada a uma vida sedentária, é percussora de muitos problemas de saúde, como hipertensão arterial, diabetes e obesidade, responsáveis pela morte de 32 milhões de pessoas por ano, de acordo com a OMS.
Não é preciso esperar que uma criança fique obesa para procurar ajuda.
Pais, façam a sua parte!
Alice Amaral é médica especialista em Nutrologia e Medicina do Exercício e Esporte pela Associação Médica Brasileira, Associação Brasileira de Nutrologia e Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Possui ainda pós-graduação em Nutriendocrinologia Funcional e Gerenciamento do Envelhecimento Saudável pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo (FACIS), além de Medicina Ortomolecular pelo Centro de Medicina Integrada Artur Lemos.
Fonte: Portal Revista Hospitais Brasil de 21 de setembro de 2015